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Iceman

A franquia do Top Gun vai ganhar mais um personagem em 2026: depois do Maverick, teremos o IceMan.

Diogo Moreira vai subir para o MotoGP como campeão merecido da temporada de 2025 na Moto2. Ele não está na melhor equipe, não tem o orçamento das equipes mais ricas de paddock, mas tem talento e muito mais do que isso: tem a tranquilidade, a certeza dos extraordinários. Assisto às corridas pelo canal oficial do MotoGP e não há um comentarista que não esteja impressionado com o crescimento do brasileiro neste ano. Ele já esteve 60 pontos atrás do Gonzalez: recuperou 84. Lembra a campanha do Bagnaia em 2022, mas naquele ano a Yamaha do Quartararo estava a anos-luz da Ducati, principalmente na segunda metade do campeonato. Não é o caso do equipamento do brasileiro: o que faz diferença é a determinação do piloto. Vou deixar registrados dois palpites: Diogo vai correr com o número 4, em homenagem ao seu mentor Alex Barros, e vai vencer corridas em 2027.

Estou contando os dias para a grande festa dia 16.

Quanto ao MotoGP, tivemos uma das melhores Sprints do ano e uma corrida meio morna. Ao final da rodada, empate em 32 pontos entre Bezzecchi e Alex Marquez. Acosta também teve um bom fim de semana em Portimão, com medalha e troféu. Assim como o Mario (com trocadilho) eu acho que o Tubarão chegou ao MotoGP com excesso de marra. Não que não tivesse talento: se eu tivesse que escolher 3 pilotos para o meu time, ele estaria dentro, junto com Quartararo e Marc Marquez. Só que eu tenho bronca de piloto que fala mal da equipe, cujo maior exemplo é o Viñales, que também é muito rápido mas segue a linha “eu venci, a equipe perdeu”. Isso é muito desagregador… Acosta andou assim no primeiro semestre, até que seu manager e seus advogados o chamaram no canto e lhe disseram a dura verdade: “é KTM até o final de 2026: engole o choro e se vira”. Quando ele parou de brigar com o destino, melhorou muito. Hoje é presença constante no Top3 e virou a referência da marca austríaca.

Difícil prever o futuro da KTM. A Bajaj não participa do mercado de esportivas e já avisou que vai cortar verba na velocidade, pois aparentemente faz mais sentido apostar em fora de estrada e turismo. O ano de 2027 está bastante nebuloso para Pit Beirer e seus colegas.

Quartararo continua fazendo mágica com a M1, largando na 1a fila e fazendo 4° e 6°, bem à frente do Miller, na 2a Yamaha (8s no sábado e 11s no domingo). A menos que aconteça um milagre, eu não o vejo na Yamaha em 2027.

Eu tenho que admitir que comecei o ano bem pessimista em relação a Aprilia. E eles não começaram lá muito bem mesmo. Até que chegou o teste pós-Jerez e as mudanças que fizeram funcionaram. As Aprilia nunca funcionaram bem em circuitos stop-and-go, mas andavam maravilhosamente em circuitos fluidos. As mudanças melhoraram muito a estabilidade em frenagem. Bezzecchi também evoluiu como piloto e neste domingo ele obteve uma daquelas vitórias que são vitórias de fato. Não como a que ele herdou do infortúnio do Quartararo em Silverstone. É a terceira vitória da marca de Noale no ano, algo inédito. Bez atinge a marca de 5 vitórias e já começa a virar gente grande. Lembro que o Martin, que todo mundo aplaude, tem apenas 7. Ogura também está se reencontrando e fez um bom 7° no domingo. Raul Fernandez se estabacou na sexta e acabou se retirando do evento. Bez praticamente assegurou o 3° lugar e o convite VIP para a festa de gala de encerramento. Acho que é um dos favoritos para Valencia, junto com AM73.

Oliveira recebeu uma bela homenagem do público português. Um povo que entende que estar no pequeno grupo de elite de um esporte é algo para ser aplaudido, independente de resultados. Miguel venceu 6 vezes na Moto3, 6 na Moto2, e 5 na MotoGP, as duas primeiras pela Tech3, inclusive uma sensacional vitória de ponta a ponta ali mesmo em Portimão, 2020. Particularmente acho que o português nunca superou a puxada de tapete dada pelo Binder, que resultou na sua demissão da equipe oficial da KTM, mesmo sendo o piloto que mais venceu pela marca. Binder era o queridinho dos austríacos. Era. Se não tivesse estendido o contrato até o final de 2026 em meados de 2023 não teria assento ano que vem. Agora Miguel vai andar na BMW bicampeã e terá uma tarefa dura pela frente, pois a Ducati virá mais forte no WorldSBK e só o turco fazia a moto alemã andar.

Falando no turco, a participação do Bulega em Portimão deve ter acendido umas luzes amarelas na cabeça do Toprak. O italiano explicou que a maior dificuldade que teve foi reaprender a frear a moto. No WSBK, onde correm com os pneus Pirelli, a freada é na base da alicatada sem sutileza, manobra na qual o turco dá aula. No MotoGP a freada precisa ser mais progressiva, aumentando de intensidade no final. Essa falta de hábito lhe causou um tombo na Sprint e duas saídas de pista no domingo. A boa notícia é que suas últimas 4 voltas na corrida foram feitas em tempos muito competitivos, deixando crer que ele pode ir melhor em Valencia.

Morbidelli teve um fim de semana para esquecer e saiu de Portimão 12 pontos atrás do Diggia, em mais uma virada na disputa entre os dois. Talvez seja o trauma do acidente gravíssimo que sofreu correndo de Panigale ali no Algarve no começo de 2024. O fato é que ele se classificou mal, fez um pífio 15° no sábado e acabou com a própria corrida em uma tentativa kamikaze de ultrapassagem na curva 5 da primeira volta da corrida, em um incidente que prejudicou a corrida do Bastianini (que tem péssimas lembranças desta mesma curva, quando foi atropelado pelo Marini na corrida de 2023). O franco-brasileiro está correndo pelo segundo ano naquela que é considerada a melhor moto do grid e está apenas 24 pontos à frente do novato Aldeguer, que fez bons 6° e 4°, largando da quarta fila.

Diggia também precisa melhorar a posição de largada, pois perde muito tempo para chegar no grupo da frente e se expõe às confusões de quem larga “no bolo”. Ele também foi envolvido nas esfregadas de carenagens da primeira volta da corrida e chegou apenas em 8° no domingo, depois de um razoável 5° no sábado.

Bagnaia… continua na montanha-russa. Foi bem no Practice para ir direto pro Q2, se classificou em 4°, mas nunca teve ritmo para acompanhar os 3 primeiros. No sábado começou a última volta em 6°, mas acabou em 8°. No domingo estava ali miguelando em 4° até que caiu. Esse deve estar contando os minutos para o teste pós-Valencia, quando terá contato com a primeira versão da GP26.

Mir começou o final de semana cheio de esperança depois do pódio em Sepang, mas teve “problemas de embreagem” (versão divulgada até o momento) nas duas corridas. Marini foi discretíssimo, para não dizer apagado, e ficou bem atrás dos seus companheiros de Honda. Zarco ensaiou uma ressurgida, mas teve problemas de consumo excessivo do pneu dianteiro no domingo. No sábado arrancou um 7° nos ultimos 10 metros de pista.

Rins correu? Acho que ficou brincando de pique esconde com o Marini. Piloto de equipe oficial não pode passar desapercebido desse jeito.

No mais tivemos a final da MotoE em que o Granado foi até bem nas duas provas. Acabou derrubado na 2a pelo Matteo Ferrari que tomou 3 segundos de punição mas roubou o 3° lugar no campeonato do brasileiro. É uma punição muito leve para o ganho que teve… Ao final Alesandro Zaccone foi o campeão, o que é totalmente irrelevante.

A corrida de Moto3 foi, como sempre, muito divertida. Não a assisti ao vivo e pretendia assistir às primeiras 3 voltas e as ultimas 3. Não consegui parar de ver: é muita ação! Quiles venceu com Piqueras em 2° e essa é a disputa que vai para Valencia: quem será o vice-campeão? Piqueras ainda está 8 pontos na frente, mas o pupilo dos irmãos Marquez não pôde correr 4 das provas, as 2 primeiras por não ter idade suficiente, e 2 por ter quebrado o dedão.

Ainda não acabou e já estou triste. Vamos aproveitar ao máximo o proximo fim de semana porque depois teremos 3 meses de jejum.

Até lá!