Entrevista Renatinho – RS Designs

Mandei uma mensagem para vários amigos aqui do Rio de Janeiro com a idéia de estrear no Motozoo® uma série de entrevistas. São amigos que com a sua história formam a comunidade de motociclismo da cidade.  São pilotos, viajantes, profissionais, mecânicos. Motociclistas, gente que todo mundo conhece, mas as vezes não conhece a história totalmente. 

O primeiro a responder, também o primeiro a ser consultado, foi o Renato Silveira, o famoso Renatinho que fez e faz pinturas maravilhosas em nossas motos. Vamos lá!

Renatinho, como começou a história com motos?
Meu pai comprou uma CG em 1982 e ali tudo começou. Em 1986 fiz a minha primeira corrida com essa CG num grid de 22 motos RX 125 e RDZs, cheguei em sexto lugar aqui no Autódromo de Jacarepaguá.
 Em 1987 fui campeão carioca com uma RDZ 125, era filiado ao Lagoa Barra Clube. Em 1988 fui para formula 125, mas tive que parar em função do casamento e das crianças.
 Em 2002 voltei, comprei uma CB500, para correr o Campeonato Brasileiro, foi tudo bem,estava reaprendendo a guiar. Mas logo em 2003 tive um acidente que me lembro, foi em Brasilia na curva da Bruxa!! Quebrei a clavícula em quatro partes, operei lá mesmo e fiquei parado três meses sem trabalhar.
E seu pai era motociclista?
Não, meu pai não era motociclista!
Ser motociclista modificou sua vida social, seus amigos, o relacionamento com as meninas
Sim! Abriu um leque para as meninas, mas meu foco eram as corridas!! Cada sinal era uma largada, pro carona era inconcebível, rsrsrs..!!
Tanque Suzuki
Tanque Suzuki
Tanque Aprilia
Tanque Aprilia
Como começou o seu envolvimento com a pintura, qual foi o início ?
O negócio de pintura começou em 1989 quando eu trabalhava na EGO Agrale, hoje Autorizada Suzuki. E, na realidade a idéia não era exatamente esta!
 Eu queria pintar Biluz, abajur biluz.  Eu tinha um amigo que tinha uma fábrica de lustres e estava existindo muito refugo de material que ia pra cerâmica, e acabava com defeito.
Acabou que na realidade nunca pintei um biluz, rsrsrs!!
 E era muito inquieto e queria fazer mais do que fazia entende, e sou assim até hoje.
Lembro-me que estávamos vivendo um período muito bom para o motocross, a EGO tinha uma equipe chamada EGO IPIRANGA. Isso foi na época do BIKE SHOW do João Mendes, lembra?
Aí comecei pintando capacete dos clientes ali na loja, ou seja, quando chegava em casa eu pintava até a madruga
Você é um “craque”, com o seu trabalho você se colocou muito bem no mercado, que é disputado e tem uma boa concorrência. Como você aprendeu a pintar?
Cara, na realidade foi algo que aconteceu e pronto, tive muita sorte, pois tudo que fazia tinha bom resultado, como até hoje, isso é altamente motivador.
 Mas eu queria mencionar uma historia de família muito bacana, onde mostra que eu posso ter herdado o talento para pinturas.
O meu Bisavô foi um grande pintor de carros a partir da década de 1950, trabalhava em uma revenda Ford chamada Wilson King na Bento Lisboa no Catete e que depois virou uma revenda Volkswagen.
Ele pintava o carro do Presidente Getúlio Vargas e de Deputados. Era o único que conseguia igualar as cores dos carros importados na época, lógico que ele era melhor do que eu claro, pois hoje temos muito mais recursos.
Depois do início pintando altas horas da noite, a RS Designs cresceu, como foi isso?
No inicio eu chegava do trabalho e pintava, num quarto que posteriormente passou a ser o quarto dos meus filhos. Depois eu fui trabalhar na área de serviços e logo em seguida passei para o quintal de casa, onde decidi fazer o meu Atelier de pintura, onde trabalho até hoje, no Bairro de Anchieta no Rio de Janeiro.
Qual é “O segredo das Cores”, dos “Reparos Mágicos” ?
Bem, quando comecei fiz um curso de Colorista de uma semana em Guarulhos, São Paulo, na fábrica da Dupont do Brasil. Acho que isso me deu uma boa base e até hoje uso os ensinamentos.
Cada situação requer um procedimento, não tem uma regra.
Mas basicamente as peças chegam e eu lavo, descontamino e começo a preparar. Primeiro os rachados depois os arranhados, base, pintura verniz e polimento.
Você tem alguma preferência de estilo para o seu trabalho?
Não tenho preferência por estilo, faço desde CG a MV Agusta, o foco está no desafio, isso é o que me motiva.
Seu trabalho de design é incrível, você teve formação artística?
Não tenho formação acadêmica, uso o bom senso e meu sentimento, mas estou atento a história da arte e seus protagonistas, inclusive na arte contemporânea.  Aprecio as obras de Cildo Meireles, Adriana Varejão, Romero Britto. Estou atento ao “exercício experimental da liberdade”, como articulado por Mário Pedrosa, ao diálogo com a Teoria do não-objeto de Ferreira Gullar e gosto de Hélio Oiticica e Lygia Clark.
E qual é  o diferencial que o faz ser escolhido?  Pintar no Renatinho é uma grife…
Na realidade os clientes que me procuram, estão em busca de um resgate na originalidade ou uma excelência de qualidade, que desde sempre é o meu forte.
Algum trabalho em especial merece menção?
Sim, os capacetes do meu filho Renato Junior, Bi-Campeão Brasileiro de Kart com mais de 15 títulos entre estaduais, regionais e Brasileiros, http://www.renatosilveirajr.com/
Nas milhares de motos que você pintou, alguma que tenha deixado uma lembrança especial?
Tenho saudades de todas, mas tenho um carinho especial por uma Suzuki GT250 vermelha com cano Torbal. Desmontei e pintei ela toda, que fui buscar ela em Copacabana. Estava num estacionamento de um prédio toda quebrada, mas fiz ela toda, foi uma história boa!!
Como é hoje a relação com as motos?
Não posso ter motos, tira o meu foco das pinturas, prefiro ficar longe do perigo, sou muito impetuoso, pra mim é tudo ou nada, rsrsrsr..!!
E como estão os trabalhos?

Atendo as revendas autorizadas e multimarcas que me procuram e os clientes por indicação. Gosto muito também de pintar capacetes,  onde converso com o cliente, faço um layout, mediante aprovação e executo o trabalho. É o suficiente para seguir em frente.

Planos para o futuro?

Pintar 25 horas por dia, rsrsrs..!!

Para a Fauna do Motociclismo.