Que corrida maluca! Adorei ver o Zarco vencer com a sua Honda, uma coisa tão inesperada que faz valer assistir estas incríveis corridas. Muita emoção! Zarco é um piloto que merece muito mais do que colheu no MotoGP. Bicampeão da Moto2, o único bicampeão na categoria, desde que subiu, por um motivo ou por outro, nunca conseguiu se posicionar como o seu talento merece. Vencer em casa, sem errar nada, ser o primeiro francês a vencer em Le Mans depois de 71 anos, aos 34 anos, interromper a sequência de vitórias da Ducati, colocar a Honda de volta ao topo do pódium… São muitas conquistas juntas!!!
Mas eu não gosto destas corridas malucas, vira gincana e não são muito justas. Gosto de ver os pilotos bons de chuva se destacando, gosto de ver as motos mais “fracas” tendo vantagem sobre as mais estúpidas no piso molhado. Mas não gosto deste troca troca de motos, deste negócio de largar do pit embolado. Corrida flag-to-flag é uma coisa, ZONA é outra.
E uma zona completa foi o que tivemos hoje, quando chegamos até a ver o Miguel Oliveira capenga em segundo lugar, com Lorenzo Savadori em sexto em certo momento da prova.
Talvez o único que não cometeu erro nenhum, que fez absolutamente tudo certo, que não largou do pit, que não trocou de moto, que não cumpriu voltas longas, que não escorregou, que não tocou em ninguém, tenha sido o Johann Zarco. Escolheu largar com pneus de chuva, foi jogado para fora da prova na confusão que o Binder arrumou na largada, foi parar em décimo sétimo e dali, acelerando forte e constantemente superou toda a confusão e abriu mais de 20 segundos sobre o segundo colocado. Sensacional.
Corridas no molhado facilitam as coisas para as motos menos “afiadas”, pois arredondam o envelope de pilotagem. Como no caso do MotoGP a diferença entre a melhor moto e a pior é de menos de um segundo por volta, na prática, não há diferença entre as motos na chuva. A Honda deitou e rolou na mão do francês.
A Ducati, mesmo não vencendo a corrida de hoje, venceu a de ontem fazendo 1-2-3 e trazendo o Fermin Aldeguer para a ponta, algo muito bom e que queima a minha língua, eu não apostava nele. Ontem. apesar da bela largada e da incrível corrida da Yamaha de Fabio Quartararo, a Ducati acabou impondo-se. O ponto negativo foi o estabaco do Pecco logo no início da prova.
Hoje, a sorte novamente não sorriu para o Pecco, que foi pego pelo Binder em uma cagada logo na largada, que levou também o azarado Joan Mir. Pecco teve condições de voltar, trocar de moto, mas na confusão que foi a corrida, só conseguiu chegar em décimo sexto, zerando a França e sendo o maior perdedor do fim de semana.
Marc Marquez venceu imperiosamente a Sprint e hoje escolheu uma estratégia muito boa para chegar em segundo. Não correu riscos demasiados, fez troca de moto no momento certo, cumpriu as voltas longas nos momentos certos, fez uma ótima corrida, mas Zarco fez melhor e foi mais rápido. No final ainda foi beneficiado pelo tombo de seu irmão, o que o fez sair da França um pouco mais folgado na liderança do campeonato.
Fermin Aldeguer foi, depois de Zarco, a melhor surpresa do fim de semana, chegando em terceiro ontem e hoje. E nos dois dias de corrida, ele lutou para conseguir esta posição, primeiro com Quartararo e depois com Pedro Acosta. Está andando firme, de ombro duro nas ultrapassagens, com linhas bonitas de se ver e muito rápidas. Continua assim e veremos mais brilho nele do que em outros calouros, que chegaram falando muito, cheios de marra e não estão arrumando nada.
Fiquei triste com o tombo do Quartararo hoje e é irônico que com toda a melhora do conjunto Yamaha-Fabio, tenha sido a Honda a protagonista hoje, interrompendo a sequência da Ducati. Mas, não podemos nos iludir, a Ducati continua forte como sempre, a Yamaha com Quartararo evoluindo mais rápido do que as outras, hoje foi um resultado da sorte, que muito influi nas corridas.
Vai Zarco!!! Cante, e que o sangue impuro de seus inimigos regue o chão da sua França (violento né?)
“Sous nos drapeaux, que la victoire
Accoure à tes mâles accents
Que tes ennemis expirants
Voient ton triomphe et notre gloire”