O GP de domingo estava sendo um dos mais bonitos e disputados do ano quando começou a chover forte faltando 3 voltas para o fim. Entrar ou não no boxe? Se eu estivesse disputando o campeonato certamente entraria. Acho que o Marc Márquez vacilou e que o Binder tomou a decisão correta. Ambos não tinham nada a perder, e o tempo de entrada e saída do boxe, mais a cautela para aquecer os pneus de chuva, teria que ser descontado em apenas 13 Km. É verdade que a cada volta a diferença de velocidade entre quem estava de slicks e quem estava com os pneus adequados aumentava. Uma volta a mais e a aposta do Binder teria falhado, mas não falhou e ele ainda chegou 13s à frente do Bagnaia (10s após a punição por ter excedido os limites da pista na última volta).
Os tempos do Binder e do Bagnaia nas últimas 3 voltas foram:
Volta 26: 1’34”478 contra 2’03”318 (um tempo enorme consumido na troca de motos)
Volta 27: 1’39”456 contra 1’34”701
Volta 28: 1’50”321 contra 1’35”935
Pensou rápido o sul-africano, mas o resultado foi mais de poker do que de MotoGP.
Correram bem os que andaram na frente as primeiras 25 voltas, com ultrapassagens arrojadas, principalmente uma do Quartararo por fora na freada da curva 3. Não dava para saber quem ganharia e essa é a beleza deste campeonato de 2021. Meu ingresso para Silverstone já está no bolso: não poderia deixar passar esta oportunidade.
Dos pilotos que ficaram devendo, o destaque vai para o Pol Espargaró. Está andando bem abaixo do MM e parou para trocar de moto na última volta. Pombas, ou arrisca e banca até o fim ou troca logo. Aliás, estranhamente os primeiros a trocar, Miller e Rins, não passaram de 11º e 14º. Difícil de entender.
Hoje foi confirmado o segredo que todos já sabiam: Viñales vai correr de Aprilia. Isso já estava assinado desde antes dele pedir a rescisão de contrato na Yamaha porque ele é arrogante, mas não queima dinheiro. Há tempos escrevo que não entendia a paciência da Yamaha com as diversas entrevistas em que ele esculachava moto e equipe. A entrevista depois do GP da Styria foi inaceitável para quem ainda recebe salário da empresa, mas o que ele tinha feito nas últimas voltas do GP (e eu não sabia) foi muito pior; esgoelando a moto em 5ª marcha até o fim da reta e depois cortando giro em ponto morto. Não sei se os compromissos com patrocinadores amolecerão o coração do Lin Jarvis, mas acho que o Cantinflas vai assistir as últimas corridas do sofá.
Hoje vou inverter a ordem a falar logo da Moto-E. Eu tenho alguma implicância com o Granado, porque ele atira no próprio pé, mas ontem vibrei muito. Um erro logo na curva 1 da e-pole (onde ele não foi ejetado da moto por perícia e sorte) fez com que ele largasse na 13ª posição. A corrida, que já é ridiculamente curta, ainda foi podada em uma volta, mas, ainda assim, ele fez mágica em 5 voltas, com ultrapassagens limpas e corajosas, e chegou em segundo. Se houvesse mais uma volta chegaria em primeiro. Ele sobra no grupo: merecia uma nova chance na Moto2. Só que, para imenso azar dele, a Petronas encerrou o contrato de patrocínio com equipe dele, a SRT (Sepang Racing Team), que vai deixar a Moto2, Moto3 e Moto-E para se concentrar em criar pilotos para a Yamaha. Morbidelli já foi confirmado na equipe oficial junto com o Quartararo, e a SRT, com novo patrocinador a ser divulgado, está tentando o Bezzecchi, o Lecuona, e, dizem, o Jake Dixon, que considero um zero à esquerda: nunca ganhou nada. Os comentaristas britânicos do MotoGP, no entanto, enchem a bola dele. Prefiro antes um Sam Lowes, que tem uns lampejos de vez em quando… o Lecuona teve uns brilharecos nestes dois fins de semana. A ver…
Falando em Moto2, o recém-promovido Raul Fernandez venceu com autoridade, mesmo que sob pressão do japonês Ai Ogura. Foi uma atuação convincente após o apagado GP da Styria, onde ele ainda estava chateado pela KTM ter exercido sua opção contratual. O inesperado 7º lugar do líder do campeonato intensificou a disputa, com apenas 19 pontos entre os companheiros de equipe. Bezzecchi foi mal, chegando em 10º após ter vencido na semana anterior. Cabeça na MotoGP?
A Moto3 foi um espetáculo com ultrapassagens antológicas, com vitória do excelente Sergio Garcia, herdeiro da moto campeã de 2020. Cinco dos seis primeiros: Garcia, Foggia, Acosta, Fenati e Masia são a elite da categoria. Darryn Binder também poderia estar no grupo, se errasse menos. O que eu gostei desta prova é que as ultrapassagens foram mais limpas do que de costume, o que mostra que é possível ganhar posições sem mandar ninguém para a brita.
A próxima vai ser in-loco e devo fazer umas lives no meu canal de instagram @the.grateful.drifter
Fiquem de olho e até lá!