Pensei em escrever o Fim de uma Era, mas pensei e acabei achando inadequado, pois na verdade, nada acabou, as coisas, as lojas, se transformaram e vão continuar existindo, apenas de uma outra forma. É a vida, ciclos se completam, o mundo muda sem parar a cada segundo e as mudanças e são uma constante da vida. O início de uma nova era.
Antes já mudaram a Mar&Moto, a Ponto Yamaha e outras. Agora chegou a vez da Moto Mundi.
E demorou um pouco mais de meio século, pois tudo começou em 1973, quando o pai do Ricardo, Paulo, Ivo, Carlos e Elizabeth Lyra, esposo da D. Carmen, ex-piloto da FAB e Engenheiro da FêNêMê decidiu mudar-se do Rio de Janeiro para Petrópolis, lá comprou a Yamaha local e iniciou a Moto Mundi. Grande homem o Sr. Leal, montou um negócio que ficou na família todo este tempo.
Está sendo vendida para o grupo que opera a Trinca Motos, outro grupo tradicional Yamaha no Estado. Estão vendendo tudo, imóveis, CNPJ, estoque, tudo. Ricardo Lyra e Paulo Lyra já estão fora do negócio. Carlos Lyra fica até dezembro passando as coisas. Falei com o Ricardo quando a fofoca da venda começou e ele me disse que as conversas estavam adiantadas, mas que não tinha visto a bufunfa ainda. Prometeu-me avisar quando visse o cascalho, mas não cumpriu a promessa, liguei hoje para avisar que ele errou no WhatsApp e ele confirmou. Se ele deve algum dinheiro para alguém, a hora de cobrar é esta! Não perguntei o valor que está sendo negociado, não sou fofoqueiro, mas estão todos felizes.
Ricardo terá tempo para futucar suas motos, Paulinho para usar seu trailer em viagens. Carlinhos e Ivo eu tenho muito menos contato, não sei dizer o que farão. Os Lyra tem uma vida quase inteira dedicada a Moto Mundi e será bom para eles todos, não é um negócio fácil e eles todos se dedicaram com muito amor todo este tempo.
Conheci primeiro o Paulinho. Estávamos disputando o Hollywood Motocross em Ouro Preto, um frio do cão. Eu acompanhado da Wanulsa, minha primeira esposa e Paulinho com a Márcia, sua esposa até hoje. Não lembro o que nos apresentou, talvez por sermos ambos do Rio de Janeiro, mas o fato foi que eu explodi meu cilindro de MX e o Paulinho explodiu a sua “parte de baixo”, não lembro se embielou ou quebrou caixa, mas o fato foi que eu emprestei meu motor para ele, que juntou com o cilindro e correu com ele. Ficamos amigos.
Depois conheci o Ricardo, ficamos amigos também e juntos criamos e desenvolvemos uma nova marca para a Moto Mundi, e as pinturas das motos em azul claro, um esquema que marcou época no MX e Enduro cariocas, as motos ficaram bonitas né?
Desde então mantemos a amizade, quando eles desciam semanalmente as vezes encontrávamos com o saudoso Baiano lá na Mar&Moto, em algumas corridas e depois, já mais velhos, quando eu subia e passava na loja.
Fiz também uma corrida do Brasileiro de MX, em Petrópolis, correndo na equipe MotoMundi, kkkkk, eu, acho que o Guido Salvini e um tal de Paraguaio.
A loja “nova” é um palácio, talvez a Yamaha mais bonita do Estado, e tenho certeza de que a Trinca irá estragar isso, pois é do estilo deles fazer do salão de vendas uma espécie de depósito lotado de motos.
Desejo sucesso aos novos donos na condução do negócio, que, se eles forem espertos, continuarão usando o nome de Moto Mundi. Aos meus amigos Lyra, eu deixo o meu muito obrigado.