Confesso que demorei a curtir o piloto brasileiro Diogo Moreira. Inicialmente não vi nele as qualidades que agora ele está apresentando e que o estão fazendo ser disputado pela Honda e Yamaha para uma promoção ao MotoGP já em 2026. Apesar de escrever sobre corridas e pilotos tem mais de 20 anos, eu não acompanho as categorias de acesso e não fico olhando todos os campeonatos. Lembrem-se, escrevo no Motozoo® porque amo, não é o meu trabalho e não ganho um centavo com isso. Para estar realmente preparado para acompanhar tudo o que acontece na área, é necessário um investimento em tempo e dinheiro bem consideráveis.
Na Moto3 ganhou apenas 1 corrida, e me irritou muito com a sua tática de sair nos últimos minutos para procurar tempo e muitas vezes falhando, por conta de bandeiras amarelas e outros problemas. Mas, descobrimos agora, tudo isso fez parte de um desenvolvimento e amadurecimento do Diogo como piloto, e quem o via na pista, percebia nele algo de especial e diferente.
Hoje, na Moto2, Diogo é protagonista, candidato ao título, e um piloto que impressiona pela velocidade, técnica e pela calma e amadurecimento que demonstra na pista e nas entrevistas. Não só eu vejo isso, os olheiros das equipes e fábricas também, e estão tentando contratá-lo.
Eu geralmente não curto uma subida rápida para o MotoGP. Inclusive eu defendo que para subir, os pilotos tem que ser campeões, vice o no máximo terceiro na Moto2, para conseguir a permissão para a promoção. Diogo está neste caminho, para ser campeão, vice ou na pior hipótese, terceiro neste campeonato de Moto2. Acho ele mais equilibrado do que o Fermin Aldeguer, que hoje arrepiou no MotoGP. E, a sorte sempre ajuda, Diogo tem a nacionalidade certa para a época exata, pois ano que vem teremos a volta dos GPs ao Brasil e será ótimo ter um brasileiro para torcer na MotoGP.
Hoje na corrida Diogo foi simplesmente perfeito. Tirando a saidinha da pista que o fez correr quase a corrida inteira pendurado pela possibilidade de dar uma volta longa, foi para a ponta e testou os nossos nervos dominando o Holgado até quase o final, regulando uma distância que ao mesmo tempo economizava a moto e não deixava o espanhol chegar perto o suficiente para tentar um bote. Na verdade ele expôs o adversário a um erro durante quase toda a prova, até que ele desistiu, viu que estava sendo controlado e deixou o Diogo vencer com uma distância maior. Corridaço que nos pareceu tenso, mas ele esteve no controle o tempo todo, com sangue frio e técnica. Tirou onda.
No MotoGP continua a saga do Marc Marquez, que venceu a sexta corrida seguida, vencendo a Sprint do sábado e o GP de domingo com muita facilidade. Treino é treino, jogo é jogo. Como disse Casey Stoner, que estava na pista para comemorar a corrida número 1000, Marc tem a vantagem de ter corrido com motos mais toscas de eletrônica, ele sabe sobre-pilotar. Aliás, sobre-pilotar foi o que ele mais fez na Honda, uma moto reconhecidamente ruim no seu tempo, mas que era boa para ele, que a sobre-pilotava de forma natural, mas uma moto que rejeitou pilotos de vários quilates e até estrelas de primeiríssima grandeza, como o Pentacampeão Mundial Jorge Lorenzo.
Pecco Bagnaia, por exemplo, me parece um típico piloto de GP moderno, que precisa de uma moto perfeita para botar no chão um desempenho perfeito. A GP 25 começou o ano como sempre começam as motos novas… faltando dados, com imperfeições, com características a serem domadas e exploradas. Por conta dos regulamentos e também do domínio que a Ducati tem apresentado, a GP25 não é muito diferente da GP24, mas com o tempo de corridas que ela já tem, é hora dela a cada dia apresentar-se melhor, pois ela está evoluindo. O medo que dá é ela evoluir como a Honda evoluiu, para ser uma moto que só serve ao Marc Marquez, um piloto diferente de todos que um dia apareceram nos GPs. Vejam que as GP25 não estão brilhando na mão de Bagnaia e Diggia, e que as GP24 de Alex Marquez e Fermin Aldeguer estão melhores do que elas. Tudo leva a crer que as Ducatis podem sim, sofrer com a presença da Formiga Atômica… mas é um sofrimento vitorioso. Daqui a mais um ano, ninguém mais conseguirá andar bem de Ducati, só Marc Marquez, escrevam…
Na corrida de hoje vimos o Bez andar muito bem com a sua Aprilia, que está bem no chão e evoluindo. Vimos boas corridas de Fermin Aldeguer, de Pedro Acosta, do Joan Mir, do La Bestia e até do Alex Marquez, que se deu muito mal com a sua volta longa, perdeu tempo demais. Foi uma corrida boa de ver. As Yamahas fracassaram nesta pista e gosto muito de ver o Bastianini encostando no Acosta. Muito.
A próxima corrida será na estranha nova pista da Hungria, Balaton Circuit Track, que achei horrível. Vi as corridas de WSBK lá e detestei, acho que as MotoGP não vão caber na pista e teremos muitas batidas. Veremos. Até lá.