Amigos, fui hoje com o Claudinho, Argentino e outros bandidos visitar o nosso grande motociclista, viajante, membro de primeira hora do ForzaRio Armandinho Tovar.
Armando tinha como hobby gastar dinheiro com motocicletas, pois não sossegava o rabo com uma moto mais do que uns 6 meses. Estabacava-se ou trocava, perdendo um dinheirinho no processo. O homem que enriqueceu o Marcelinho mecânico, com suas lavagens de moto nas quais mandava desmontar a moto todinha, para polir a descarga – por dentro. Deste jeito suas motos iam ao Atacama e voltavam com cara de tinindo de novas. Figuraça, com aço.
Digo tinha, porque isso ficou no passado. Incrivelmente, não tem nem um ano ainda, sua esposa me informou que no dia 31 deste mês fará um ano do diagnóstico, e agora tudo mudou. Armando foi diagnósticado com uma doença degenerativa semelhante a Esclerose Lateral Amiotrófica, que rapidamente debilitou os seus nervos e músculos.
Quis a vida nos dar esta experiência, a de acompanhar dois amigos com doenças que preservam a saúde e a cabeça, mas atacam o corpo, os músculos, a mobilidade. Semana passada saí para almoçar com o meu grande e também adorado amigo Alexandre Ishikawa, que sofre com a doença de Parkinson tem anos. Cabeça ótima, o corpo com problemas. Armando igual, saúde, exames de sangue, apetite, pensamentos, em perfeito estado, mas o corpo indo para o beleléu.
Estava receoso por não saber como iria encontrar o astral do amigo, mas graças a Deus ele, sua família, seus amigos, estão enfrentando este enorme desafio da melhor maneira possível. Armando está bem humorado, suportando com resiliência todos os problemas que progressivamente estão invadindo a sua existência. Fazendo muitos tratamentos, fisioterapias, sendo assistido com amor e carinho por sua esposa e amigos. Como o seu diafragma está fraquinho, passa a maior parte do dia respirando assistido por um ventilador de respiração, sentado em sua sala futucando o celular e vendo TV.
Quanto tempo durará isso? Ninguém sabe. Nem eu, nem ele, nem os médicos. Quem sabe do nosso tempo nesta vida, dizem que é Deus. A doença irá continuar o seu avanço galopante? Também não sabemos, ela pode dar uma maneirada, ou acelerar, ninguém pode prever. Como também ninguém pode prever se teremos um troço amanhã mesmo e deixaremos a Terra. Eu mesmo, tive um AIT em setembro de 2024, que podia ter sido um AVC e eu teria ido embora “de Troço”, o que mais mata no mundo.
O desafio do Armando é manter-se vivo, feliz, agradecido por tudo o que ainda recebe e por tudo que teve a oportunidade de viver. O nosso desafio e o de continuarmos vivendo apoiando-o e com esta realidade na qual tudo pode mudar de uma hora para outra. A menos de um ano atrás o Armando estava por aí andando de moto, vejamos nós.
Obrigado Armando por nos receber de tão bom humor, obrigado Bianca pelo café excelente. Vamos em frente, pois não há como voltar e lamentar também não ajuda em nada.
Viver é um grande e misterioso desafio. Sem sermos malucos, vamos viver e agradecer por cada dia que temos, pois de fato não sabemos o dia de amanhã.