Só mudou o irmão: em Barcelona Alex caiu liderando a Sprint e venceu no domingo. Em Misano Marc caiu liderando a Sprint e eu tinha certeza que ele venceria no domingo. Sexta vitória de MotoGP em Misano, 9 no total. É o circuito de sentido horário em que ele mais venceu, para “alegria” da torcida local. O Formiga é movido a vaias e não reclama delas, mas deu sua resposta no pódio, emulando Messi no Santiago Bernabéu.
Não houve muitas ultrapassagens na corrida, mas foi daquelas de ficar na beira do sofá até a última curva. Parabéns para o Bezzecchi, que manteve a pressão e estava ali caso MM desse o menor vacilo. Marc explicou na coletiva a dificuldade de encontrar o ritmo após herdar a liderança no pequeno erro do Bez na curva 8. Correndo na frente era mais afetado pelo vento no Curvone e os pontos de frenagem também mudavam. É um fato já admitido pelo 93 que ele administra as corridas que lidera, “andando rápido o mais devagar possível”. Na volta 21 ele fez 31.386. Na volta 24 Bez respondeu com 31.357 e o Formiga devolveu na 25 com 31.290, mas o Marco ainda fez 31.311 na penúltima volta. Ambos com aviso de limite de pista. Ambos com pneus desgastados. Deram show. Alex chegou a mais de 7.7 segundos. As demais Ducatis a 10.3s, 11.3s e 16s. Cinco Ducatis no Top6! A sexta caiu…
Bagnaia não foi mal no teste desta 2a-feira, ficando à frente dos irmãos Marquez, mas atrás das outras 3 Ducatis. Os tempos não foram significativos, mas espero que ele reencontre o caminho porque este final de semana em Misano deve ter doído muito no peito do bicampeão. Afinal, Misano é o quintal da Academia e seus amigos foram bem.
A VR46 fez ótimos 3° e 4° no sábado e 4° e 5° no domingo. Morbidelli fez 1 ponto a mais que Diggia e voltou a ultrapassá-lo na classificação do campeonato naquela que é a disputa mais acirrada entre companheiros: 180 x 179.
Alex fez duas corridas tranquilas, sem ameaçar ou ser ameaçado. Abriu mais 25 pontos do Pecco e dificilmente perderá a vice-liderança. Aldeguer fez uma 6a muito ruim, mas se recuperou no sábado e sai de Misano com dois sextos lugares.
Martin continua seu aprendizado na Aprilia. Entrou direto no Q2 rebocado pelo Bez e conseguiu dois pontinhos no sábado. No domingo um gremlin misterioso o obrigou a partir dos boxes para a volta de apresentação e a pagar duas voltas longas. Chegou em um 13° que poderia ter sido um 9° ou 10°, mas ainda não conseguiu adequar a moto ao seu estilo ou vice-versa. Ele estava apostando no teste de hoje para finalmente ganhar kilometragem sobre a RS-GP e tentar ajustes diferentes.
Fiquei mesmo com pena do Acosta, que já tinha feito 3 ultrapassagens e poderia incomodar o Alex, mas ficou sem a corrente. Binder já tinha ficado sem a corrente duas vezes no fim de semana: um problema relacionado ao dispositivo que abaixa a suspensão traseira. Foi um vacilo muito grande da KTM. Hoje Acosta foi o mais rápido do teste, mas com um tempo que o teria colocado em 5° no grid. Em Misano a KTM só conseguiu um P5 no sábado e um P10 no domingo e a Aprilia abriu 23 pontos no campeonato de construtores.
A Yamaha estreou a V4, que teve uma boa 6a-feira, ficando à frente de Rins e Oliveira, mas não foi ajudada pelo Augusto Fernandez, que caiu um par de vezes e ainda queimou a largada no domingo. Chegou muito atrás na corrida, mas marcou dois pontos e chegou antes do Chantra (a mais de 1 minuto!!!). No mais, a fábrica de Iwata continua dependendo do Quartararo, que fez milagre e saiu do Q1 para a 3a posição de largada. Caiu quando rodava em 4° na Sprint e foi sendo ultrapassado pelas Ducatis e pelo Marini no domingo. Oliveira chegou pouco atrás do francês e me parece bastante motivado pelo desemprego. Miller e Rins foram irrelevantes durante todo o final de semana.
Marini se tornou o protagonista da Honda. Mir sofreu um acidente e não participou das atividades de sábado. No domingo ele e Zarco foram vistos juntos na brita logo no começo da corrida em um acidente que a equipe de TV da Dorna não mostrou. Aliás, aparentemente eles tiveram alguns problemas técnicos no domingo, com a coletiva pós-corrida tendo a transmissão interrompida algumas vezes.
Na MotoE Granado foi pole novamente, mas tenho reparado que ele sempre larga mal. Não sei se é alguma deficiência específica da moto dele mas nas quatro largadas de Barcelona e Misano ele ficou para trás, desperdiçando a vantagem de largar em 1°. Na primeira corrida ele foi meio tímido e acabou em 4°. Na segunda ele tomou a liderança na penúltima volta com uma linda ultrapassagem no Curvone, para receber o troco no mesmo lugar na volta derradeira. Está em 5° no campeonato com boas possibilidades de terminar em 3° aquele que será o último campeonato da MotoE. Há várias teorias que explicam o fato da categoria não ter vingado, mesmo com corridas disputadas como foram as últimas quatro. O que eu nunca gostei mesmo é o reduzido número de voltas, no melhor estilo “vai ser bom, não foi?”.
Na Moto3 Rueda fez uma corrida de campeão, com uma ultrapassagem sensacional na última curva, daquelas de deixar o adversário chorando até a próxima corrida.
Na Moto2 a experiência do Vietti em Misano fez a diferença, embora teríamos um resultado diferente, caso a corrida tivesse uma volta a mais, porque o Barry Baltus vinha muito mais rápido do que o líder, assim como o Diogo Moreira vinha mais rápido que o 3° colocado, Holgado. Pelo menos o Diogo descontou alguns pontos do Gonzalez e já está em 2° no campeonato, empatado com o Canet em pontos mas com uma vitória a mais.
Daqui a duas semanas: Motegi. Torço para que não chova e que tenhamos boas corridas. Se Marc fizer 3 pontos a mais do que o Alex no final de semana leva o sétimo título. Neste domingo ele já quebrou o recorde de número de pontos em uma temporada, faltando seis rodadas de 37 pontos.
Estamos testemunhando a história ser escrita.
Até lá!