MAMA PADOVANI

Bonito de ver o pódio do GP de Barcelona com a viúva do Fausto Gresini, Nadia Padovani, cercada de três dos seus pupilos comemorando a 10a vitória da sua equipe no MotoGP.

A Gresini salvou a carreira dos irmãos Marquez, em uma época em que os japoneses da Honda ainda estavam apegados aos métodos tradicionais de trabalho, de desenvolvimentos lentos e conservadores. Naquele pódio estavam reunidas as 4 vitórias do Enea, as 3 de Marc e as 2 do Alex. Diggia, responsável pela outra vitória da equipe, teve um domingo de azar em Montmeló.

Na minha última coluna eu dizia que este GP era uma oportunidade de ouro para quebrarem a série de vitórias do Formiga. Bagnaia e Martin me decepcionaram, mas o Alex ama o circuito de Barcelona e fez o melhor tempo no teste depois do ultimo GP de 2024, maravilhado pela fluidez da GP24. Em 2014 o vi vencer o Bastianini por quase 4 segundos, um resultado excepcional na Moto3. Depois ele voltou a vencer na Moto2 em 2017 e 2019. Há pilotos que casam com determinados circuitos e Alex e Montmeló foram feitos um para o outro. O tempo dele na pole, 37s5, foi 6 décimos abaixo do recorde anterior, em um asfalto que todos os pilotos acharam mais lento. Enfim, ele teria feito o hat trick se não tivesse vacilado e caído na liderança tranquila que tinha na Sprint.

Marc sai da Catalunha com 7 pontos a mais de vantagem na liderança, mas sem possibilidades matemáticas de ser campeão em Misano. Essa possibilidade é algo que foi fomentada pelos jornalistas, que adorariam ver o Marc campeão no quintal do Rossi, mas o MM está se lixando pra isso e não tem nada a ver com o Doutor.

O maior torcedor do Alex é o Marc. Na Hungria ele já dizia que nem pensava em ser campeão antes da turnê pelo oriente pois isso significaria que o irmão mais novo teria tido dois fins de semana muito ruins em Barcelona e San Marino. Nos planos dele, ele será campeão e o irmão, vice. E isso dará ao Alex poder de barganha para ter mais apoio da Ducati, talvez uma moto igual à da equipe de fábrica, ou até mesmo negociar com alguma equipe de outra fábrica em 2027.

Tirando isso, Marc quer ganhar, óbvio. Quem acha que ele “deixou” o irmão vencer não entende nada de corridas, pois a equipe tem a telemetria de cada detalhe que acontece em cada curva e ele tem contratos a cumprir que exigem que dê o seu máximo. Uma característica de Montmeló é que a grande reta é antecedida de três curvas para a direita e era ali que o Alex fazia a diferença. A velocidade final da reta é diretamente relacionada à velocidade de saída da curva que antecede a reta. O piloto mais rápido venceu e ponto.

Este fim de semana teve várias situações interessantes. A decepção ficou por conta da Aprilia, que sempre andou bem na Catalunha. Bezzecchi deu azar nas duas corridas e zerou nesta etapa. Martin teve até bom ritmo, mas largou muito atrás e o problema de largar atrás é se expor a acidentes. Morbidelli o derrubou no sábado e ele conseguiu um suado 10° no domingo. O destaque da marca ficou com o Ogura, que depois de uma fase muito apagado conseguiu pontuar nas duas provas, fazendo um 9° na Sprint e um ótimo 6° na corrida. Raul Fernandez fez dois irrelevantes 11°.

As KTMs nos divertiram na sprint, com os 3 pilotos em forma física (Viñales ainda se recupera da lesão no ombro) disputando o quarto lugar. Acosta bateu Bastianini e Binder, os três chegando dentro de um décimo de segundo. No domingo o Tubarão decidiu inovar e foi o único piloto a largar de pneus macio na traseira. Repetiu a burrice do Martin no GP da Austrália de 2023… agradecido, La Bestia fez seu primeiro pódio com a marca austríaca no mesmo fim de semana em que foi oficializada a venda da Tech3 para um consórcio liderado pelo empresário Guenther Steiner. Já ganhou uma estrelinha do novo patrão…

As Honda foram bem com Zarco e Marini, embora o francês tenha caído de bobeira (e tem caído muito) quando estava em um bom 5°. Mir não apareceu e está sendo ofuscado pelo Marini. O campeão do ano esquisito (2020) terá mais um ano para dizer a que veio ou ficará desempregado em 2027.

A Yamaha teve uma rodada bem irregular. Brilhou nas mãos do genial Quartararo, um dos dois melhores pilotos do grid, que largou em 3°, herdou um 2° no sábado e fez um consistente 5° na corrida. O desempregado Oliveira resolveu acordar pra vida e teve seu melhor fim de semana do ano, quase marcando um ponto na sprint e fazendo um 9° no domingo. Miller teve um ritmo muito bom, mas se envolveu em toques nos dois dias: no domingo Binder o jogou na brita logo no início. Ele poderia ter chegado bem à frente, talvez disputando com o companheiro de equipe.

Aldeguer e Morbidelli decepcionaram muito. Diggia levou uma medalha de bronze na Sprint, mas foi prejudicado por uma má largada no domingo e um tombo para evitar atropelar o Bez.

E o Bagnaia? Depois de uma 6a-feira tétrica e um sábado sofrível, quando não passou ninguém, resolveu trocar a balança traseira pela mesma que Diggia e MM têm usado. Voltou sua GP25 para as configurações mais básicas possíveis e fez um bom warm-up e uma prova que, se não foi brilhante, foi bem consistente, fazendo um 7°. Desta vez evitou um otimismo ilusório como aquele pós GP da Hungria, mas está indo para um dos seus circuitos favoritos. Seu quintal. Se não for bem em Misano, esquece…

As outras provas foram bem disputadas com o Piqueras vencendo sua 5a corrida do ano, descontando 5 pontos do Rueda, e a KTM se sagrando campeã de construtores na Moto3.

Moreira não se adaptou ao asfalto escorregadio de Montmeló e vimos mais um rookie vencer na Moto2 (o 9° vencedor diferente do ano). Holgado dominou o fim de semana e empatou em vitórias com o seu companheiro de equipe que venceu na Hungria.

E tivemos a alegria de ouvir o Hino Brasileiro duas vezes no sábado, com Granado fazendo o hat trick (pole e 2 vitórias). Estava demorando… quando ele mesmo não se atrapalha, Eric segue sendo um dos mais velozes do grid da MotoE, já tendo vencido 13 corridas.

Misano vem aí!
Mal posso esperar.

Pai orgulhoso do João e da Nanda, botafoguense, motociclista e cabalista. 15 anos como CIO e membro do Board de empresas multinacionais, participando no desenho e implantação de processos de logística, marketing, vendas e relacionamento com clientes e canais de vendas, inclusive por dispositivos móveis; Morador em Londres, é Fluente em Inglês e Espanhol, com conhecimentos avançados (leitura) e intermediário de Francês e Italiano; Possui cidadanias brasileira e francesa.

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