Marc Marquez é heptacampeão do MotoGP!
Há poucas semanas a Dorna, influenciada pela Liberty, tomou uma decisão controversa ao decidir que os pilotos deveriam ser referenciados apenas pelos títulos na categoria máxima, assim como é feito na F1. Uma decisão imbecil, na minha opinião, porque já não se pode se referir a Angel Nieto como detentor de 12+1 campeonatos (a superstição era dele). Max Biaggi não é mais tetracampeão, Pedrosa não é mais tri, nem Zarco é bicampeão. Os títulos continuam valendo, claro, mas Marc foi avisado que não poderia usar o número 9, já que seu título nas 125cc e o do Moto2 não poderiam mais entrar na conta.
E a solução foi genial. Nem 7 nem 9: MORE THAN A NUMBER!
É um campeonato que tem um significado gigante para a carreira e a vida do Formiga. Muito mais do que um número, é o renascimento das próprias cinzas, qual uma Fênix. Não foi um fim de semana normal na carreira do 93. Tenso desde sexta-feira, ele se sentia duro em cima da moto, tentando controlar a ansiedade de fechar um ciclo doloroso na sua vida pelo qual ele ainda se sente muito culpado, tanto pelo acidente em Jerez, quando ele voava quase 2 segundos mais rápido do que todos, quanto pela volta precipitada, que agravou a fratura, e pelo até então episódio do “fechar a porta da varanda” (versão oficial, sabe-se lá qual a verdadeira causa) que exigiu nova operação.
Na comemoração, muitas lágrimas, o alívio da missão cumprida, e a frase confessional: “agora estou em paz comigo mesmo”.
Quis o destino (porque há certas coisas que se víssemos em um roteiro de filme iríamos achar forçadas) que Mir se juntasse a ele no pódio, trazendo para a comemoração toda a sua antiga equipe Honda, que viveu com ele a alegria de 6 títulos e o inferno de 3 longos anos de agonia. O abraco em Santi Hernandez foi um abraço de irmãos.
Por fim, além do retorno do Formiga e da Honda voltando ao pódio em uma corrida sem incidentes na sua pista de casa, tivemos o ressurgimento do Bagnaia. Diz que (não é oficial) no teste de Misano botaram os garfos, a balança traseira e o quadro da GP24 (com pontos de fixação adaptados para o motor 2025) com o dispositivo de altura da suspensão traseira do ano passado e o Pecco reencontrou a sua capacidade de frear e entrar na curva. Certamente foi um sucesso em Motegi, com pole, vitória na Sprint e na Corrida, mesmo com o motor fumando loucamente nas últimas 10 voltas. Felizmente não passou pela cabeça de ninguém lhe dar uma bandeira preta com um círculo laranja. A festa foi perfeita do jeito que foi: dobradinha da Ducati LeNovo com a Honda da HRC também no pódio. Todos ficaram felizes e Mandalika será uma festa.
No mais as corridas não foram muito emocionantes. Destaque para a lambança federal do Jorge Martin na largada da Sprint, que tirou as duas Aprilias oficiais do combate. Martin tornou a fraturar a clavícula, voou para a Espanha para ser operado e só deve voltar para as duas corridas finais, em Portimão e Valencia.
As KTM também decepcionaram, com a dupla da Tech3 largando lá de trás, Binder, totalmente perdido, chegou atrás do Enea no domingo, e Acosta com muita disposição e andando mais do que a RC16. Largou em um ótimo 4° lugar, considerando que só pode dar uma volta rápida no Q2, fez medalha de bronze na Sprint, mas comeu os pneus na corrida principal: ia perdendo posições até que passou direto na curva 1 e acabou fora dos pontos. Por isso a marca austríaca ficou um pouco mais distante da Aprilia na disputa pelo segundo lugar entre os construtores.
No mais a Yamaha continua dependendo do Quartararo, que fez 6° e 8°, a VR46 teve um bom fim de semana com o Morbidelli (dois 5°) e um péssimo com o Diggia (dois 13°) e está indo para a sua corrida de casa ainda bem atrás da Gresini, que foi mal no sábado e melhorou (um pouco) no domingo (Alex 6°, Fermin 10°).
Raul Fernandez fez aquele rame-rame de sempre (8° e 7°) e o Ogura teve que abandonar o fim de semana depois de marcar um pontinho no sábado por sequelas do seu tombo em Misano. Há dúvidas se corre em Mandalika. Na Honda Marini, que vinha bem nas últimas corridas foi ofuscado pelo Mir. Conseguiu 3 pontos no sábado, mas teve um problema mecânico no domingo. Zarco foi uma das vítimas da largada mal dada do Martin no sábado. Ficou muito para trás, viu que não ia a lugar nenhum e resolveu abandonar. Bem francês, isso. Domingo chegou em 9°, mas não está claro se ele recebeu todas as atualizações que o HRC deu para a equipe oficial. Chantra conseguiu o último ponto de domingo: algo para Viñales e Rins discutirem na terapia esta semana. Acosta também chegou atrás, depois de fazer uma longa trilha na brita, sem cair, o que não foi o caso do Nakagami.
Das outras corridas só assisti aos resumos, dado o horário. Na Moto3 deu Muñoz, Rueda e Quiles, com o vice-líder Piqueras apenas em 11°. Rueda deve ser coroado na Australia.
Na Moto2, Holgado venceu mais uma vez e será o rookie do ano. Dixon e o nosso Diogo Moreira completaram o pódio. Com Gonzalez em 5°, Moreira descontou mais 5 pontinhos e se consolidou na vice-liderança. São 34 pontos de desvantagem a tirar em 5 corridas: difícil, mas não impossível.
O bom é que na 5a-feira começa tudo de novo na Indonésia: mal posso esperar.
Até lá!