Há pouco mais de um ano, no dia 7 de julho, celebrou-se o primeiro pódio de dois irmãos no MotoGP desde os irmãos Aoki em Imola, 1997. Como os japoneses, fizeram 2° e 3°. Um ano depois celebraram duas marcas históricas, o 200° GP de Marc e o 100° GP de Alex com o quinto pódio de irmãos em 1° e 2° em 2025. Nem estou considerando as 10 sprints onde também fizeram 1-2. A família Marquez está em festa, assim como a LeNovo e a Gresini, que lideram seus campeonatos.

Foi mais um passeio do Formiga em Sachsenring: a 9a vitória no MotoGP, a 12a contando as categorias menores. E ele assim o fez economizando equipamento, pois tinha ritmo para 20″4 mas rodou sem forçar em 20″8, com uma volta em 20″704 só pra mostrar ao Diggia que nao adiantava forçar.

O fim de semana pareceu uma daqueles romances da Agatha Christie onde os personagens vão sendo assassinados a cada novo capítulo. O GP começou com um a menos, já que o Chantra teve que operar o joelho. Já na 6a-feira Bastianini descobriu que estava com apendicite. Viñales caiu no início do Q2, rompeu um ligamento do ombro e vai se operar, uma ausência já confirmada em Brno. Ou seja, a Tech3 baixou os portões na manhã de sábado e começou a empacotar seus equipamentos. Na sprint Morbidelli sofreu um dos tombos mais feios dos últimos anos e também é dúvida para a República Tcheca.
A corrida de domingo já largou com apenas 18 pilotos e o Miguel Oliveira, cada vez mais no risco de perder o assento para 2026, ja abandonou na 2a volta. Pedro Acosta, a esperança da VR46 para embarreirar os triunfos do MM93, caiu prematuramente já na 3a. Diggia e Zarco foram vítimas da curva 1, um problema que os pilotos atribuíram ao vento de cauda. A mesma curva vitimou Bez e Savadori, encerrando os trabalhos da Aprilia Racing, e, logo depois, Ogura, que levou Mir com ele.

Quem não caiu levou 6 pontinhos pra casa, e o premiado foi o Rins, que chegou a longínquos 40 segundos. Gosto do Rins e seu estilo, mas vê-lo caminhando pelo paddock é preocupante. Ele continua mancando muito e, embora mostre um ou outro lampejo do seu talento, não justifica o investimento da Yamaha. Na minha opinião seria o caso de encher a conta dele de dinheiro e usá-lo para desenvolvimento do V4, dando seu lugar para alguém que tenha alguma possibilidade de disputar. Quartararo, por exemplo, está tirando leite de pedra de sua M1, com um sólido 3° na sprint e um herdado 4° lugar na corrida. Miller continua sendo a segunda força, largando em 9° e fazendo um ótimo 5° na Sprint e um não tão bom 8° no domingo, que ele atribuiu ao excessivo desgaste do oneu traseiro.

Na Honda a boa surpresa foi o Marini, voltando após o sério acidente em Suzuka. Fez uma boa disputa com Mir, Miller e Binder, arrancando um excelente, para as circunstâncias, 6° lugar no domingo. O fato é que Zarco continua ofuscando os pilotos oficiais da Castrol Honda, largando em 2° lugar, mas uma péssima escolha de pneu traseiro no sábado e um infeliz tombo no domingo resultaram em um fim de semana de poucos pontos.

A Gresini ampliou sua liderança no campeonato de independentes graças aos pontos do 2° e do 5° lugares no domingo. Aldeguer começou o fim de semana muito mal, principalmente pela falta de experiência em pista molhada, mas foi se encontrando aos poucos e teria chegado em 4° se a corrida tivesse uma volta a mais. Alex sai da Saxônia rindo de orelha a orelha. Depois de operar a mão após a queda em Assen, veio para Sachsenring focado em perder o menor número de pontos para Bagnaia e acabou ampliando sua vantagem em 6 (2+4) pontos.

Pecco teve um sábado para esquecer. Segundo o próprio, um dos piores dias da sua carreira. Recuperou-se bem no domingo, embora acertadamente havia previsto que o seu ritmo era para P5 ou P6. Acosta, Diggia e Bez graciosamente colaboraram para que o bicampeão levasse mais um troféu para casa, mas ele ainda não está entregando o que a Ducati espera. Na pequena reunião antes do pódio ele lembrou ao companheiro que Brno só tem curvas para a direita. A ver…

A novela Martin/Aprilia está praticamente no epílogo, uma vez que o atual campeão já admite cumprir o contrato até o fim de 2026. Ele volta em Brno, e espero que vá com cautela. Bez foi muito bem em todo o fim de semana. Largou na primeira fila depois de muitos anos ausente das primeiras posições. Aproveitou-se do vacilo do Marc na primeira curva para liderar todas as voltas da sprint menos a última. Seu azar foi a queda do Morbidelli, pois o ítalobrasileiro teria atrasado a recuperação do Formiga. Com Franco fora, a recuperação do hexacampeão foi facilitada e ele bateu a carteira do italiano no início da última volta para abrir quase 1 segundo antes da bandeirada. As Trackhouses foram discretas: eu esperava mais.

As KTM correram tão desfalcadas que mal dá para comentar. Fizeram 6° e 9° na sprint, Binder à frente de Acosta, e um solitário 7° do sulafricano no domingo, perdendo para uma Honda. É desanimador.

Na Moto2, uma enorme sensação de frustração ao ver a notável corrida de recuperação do Diogo Moreira, de 25° para 4°, com potencial de pódio, ir para o ralo por uma precipitação do brasileiro, que saiu da pista após tocar a traseira do Dixon, e voltou equivocadamente no traçado de corrida causando uma violenta colisão com o David Alonso. Ninguém gosta de assistir a acidentes de tamanha periculosidade. Diogo tomou uma punição severa, vai largar dos boxes em Brno, mas ele é novo e aprenderá com o incidente. Como Brno é uma pista que está há anos ausente do calendário, essa punição pode até se transformar em uma vantagem, já que o brasileiro poderá usar todos os treinos para ajustar a moto para a corrida, sem se preocupar em fazer uma volta rápida. Ele já mostrou no domingo que tem talento para se recuperar de uma má posição de largada e espero novo show na proxima semana.

Eu sempre gostei do traçado de Brno e estou contando os minutos para o proximo fim de semana.

Até lá!