Duplo Seis

E Marc Marquez tornou-se o primeiro piloto a vencer 6 corridas consecutivas por duas marcas diferentes e levou o troféu da milésima corrida de MotoGP. No caso deste ano, 6 sprints e 6 corridas. Será difícil parar o Formiga que está determinado, em ótima forma física, e administrando as corridas como quer. Marquez está vencendo as corridas da forma mais lenta e segura possível.

Chegou a ser hilária toda a excitação com o avanço do Aldeguer ao final da corrida de domingo. O octacampeão tinha reserva para manter o rookie a uma distância segura, e o menino, que não é bobo, aliviou na última volta para não desperdiçar uma ótima corrida e seu primeiro segundo lugar na MotoGP.

O mesmo aconteceu na ótima vitória do Diogo Moreira na Moto2. Holgado tentou o quanto pôde, até entender que garantir seu primeiro pódio e os 20 pontos era mais importante do que repetir o infortúnio do seu companheiro de equipe: foi uma pena a queda do David Alonso. Moreira entrou na briga pelo título e se não tivesse zerado em Sachsenring e Brno poderia já estar grudado no Gonzalez. Só que “se” não existe no esporte. Como disse uma vez o chef Gino D’Acampo: “se a minha avó tivesse rodas. ela seria uma bicicleta”. Nosso Diogo já fez o suficiente para garantir que estará no grid do MotoGP em 2026. Dizem que ele tem propostas da Honda e da Yamaha e eu torço para que ele escolha a Honda. Não é porque a Yamaha foi muito mal no Red Bull Ring, ocupando os 4 últimos lugares e conseguindo um pontinho graças à queda do Martin e o estouro do motor do Diggia. Minha opinião é que a Yamaha já está muito comprometida com o Quartararo e com o Toprak, enquanto a Honda tem um Marini que não brilha e um Mir que vive na sombra do Zarco. Acho que o Diogo pode aprender muito com o francês na LCR, para entrar em 2027 com alguma experiência.

Voltando ao MotoGP, Aprilia e KTM deram pequenos passos positivos e estão se aproximando da Ducati. Acho que a Aprilia evoluiu muito desde o começo do ano, não só pelos resultados do Bez, mas principalmente por ver o Raul Fernandez andando bem. A pole position, honestamente, foi superestimada. Bagnaia rebocou o Bez, como tem feito com regularidade. Entendo que o pessoal do Rancho se ajude, como os irmãos Marquez se ajudam, mas quando envolve outro fabricante… Bagnaia rebocar o Morbidelli é ok: duas Ducatis, mas dar holofote para a Aprilia não vai pegar bem com o Domenicali.

E o Bagnaia? Na sexta-feira estava bastante bem. No sábado de manhã tinha o melhor ritmo de corrida, assim como em Brno. Só que fazer boas voltas em treino, sem estar disputando posição, encontrando um pedaço de pista para brincar sozinho, é uma coisa. Repetir esses tempos batendo carenagens no meio de outros pilotos não está acontecendo. No sábado uma largada tétrica matou a Sprint, mas Aldeguer largou tão mal quanto e se recuperou e fez um 6°. Pecco alegou excesso de vibração e abandonou. Culpou o pneu Michelin e pediu providências. A fábrica francesa já respondeu oficialmente que analisou o pneu do bicampeão e não encontrou nada de anormal. No domingo, após uma boa largada, foi ultrapassado pelo companheiro de equipe e cozinhava um 3° lugar até levar um chega pra lá do Acosta, perder duas posições, sujar os pneus e acabar atrás de Bastianini, Mir e Binder. Reclamou ostensivamente da moto nas entrevistas pós-corrida e isso não é legal. Na minha opinião, Bagnaia botou na cabeça que a GP25 é pior que a GP24 (e talvez seja mesmo) e que o Marc só ganha “porque ele andaria rápido até pilotando um trator” (palavras dele). Só que ele não pode voltar para a GP24 este ano, então fica em um beco sem saída. Eu concordo que o Marquez se acostumou a tirar leite de pedra de uma Honda que só foi excepcional em 2014 e 2019. O Formiga também espremeu tudo que a GP23 podia dar com o pneu traseiro de 2024, coisa que Bez, Alex M e Diggia não conseguiram. Aí pegou a GP25 e achou maravilhosa. MM nunca passou pela GP24. Só sei que o italiano está tão deprimido e pessimista que o Rossi resolveu investir no Bez e passou o fim de semana aconselhando o pupilo, que lhe agradeceu efusivamente em cada entrevista.

O termômetro de melhoria de uma moto está na ascensão de todos os pilotos que a usam. Acosta, Bastianini e Binder tiveram um fim de semana muito acima da média, mostrando que o sucesso em Brno não foi um acaso. No sábado fizeram 3°, 5° e 7°, e no domingo 4°, 5° e 7°. E teriam ido melhor se o Viñales não estivesse ainda convalescendo do tombo que levou na Alemanha. Pol Espargaró deve substitui-lo na Hungria e ele só deve voltar em Barcelona.

Não foi um bom fim de semana para o Zarco, embora ele tenha marcado o único ponto da Honda no sábado. No domingo chegou à frente do Marini, em 12°, mas seis segundos atrás do Mir, que finalmente viu a bandeira de chegada e conseguiu seu melhor resultado desde o 5° do GP da India em 2023. É isso mesmo: antes deste sexto lugar o melhor que o campeão de 2020 conseguiu foi um 5°. Entende-se porque Zarco está meio chateado com a fábrica japonesa, que ainda não lhe deu um contrato mesmo já tendo conseguido uma vitória e um 2° lugar este ano, sem contar o bicampeonato nas 8 Horas de Suzuka.

Faltou falar das Ducatis satélites, onde a Gresini continua surrando a VR46. Dois segundo lugares de GP24, e poderia ter sido melhor se o Alex não tivesse matado o seu domingo na Áustria ao derrubar atabalhoadamente o Mir lá em Brno. A volta longa no Red Bull Ring é bastante lenta e o jogou para trás do Zarco, que foi um osso duro de passar. Enquanto isso Aldeguer fez uma ótima corrida de recuperação que incluiu uma ultrapassagem sobre o Acosta na chicane que certamente estará entre as 3 ultrapassagens mais bonitas do ano. Foi o 2° pódio do rookie, que tem no Frankie Carchedi um dos melhores engenheiros do paddock. É um piloto que está evoluindo a cada corrida, ao contrário do Ogura, que começou fulminante e anda meio sumido.

Por fim, uma palavrinha sobre o Eric Granado que fez um fim de semana razoável, mas desperdiçou um pódio na 2a corrida caindo na última volta. As primeiras e últimas voltas do Granado são um teste cardíaco para quem torce por ele…

Semana que vem tem mais, no “kartódromo” do Balaton Park. Tenho a impressão que teremos corridas acidentadas. A ver…

Até lá!

Pai orgulhoso do João e da Nanda, botafoguense, motociclista e cabalista. 15 anos como CIO e membro do Board de empresas multinacionais, participando no desenho e implantação de processos de logística, marketing, vendas e relacionamento com clientes e canais de vendas, inclusive por dispositivos móveis; Morador em Londres, é Fluente em Inglês e Espanhol, com conhecimentos avançados (leitura) e intermediário de Francês e Italiano; Possui cidadanias brasileira e francesa.

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