Tanque Monster

Nova Monster 1200

Meus camaradas,

A Ducati Brasil finalmente vai começar a comercializar por aqui as novas Monsters 1200 e 821, as de terceira geração, com os desmos refrigerados a água. Nada contra o desmodue refrigerado a ar. Tive vários e são ótimos. A 796 atual é uma moto muito competente e o motor vai continuar em uso na Scrambler, mas os motores novos são mais… como dizer… modernos , hahahaha.

Os motores de refrigeração líquida tem a construção mais precisa. Como possuem um sistema capaz de manter a temperatura mais controlada, as camisas de água, a bomba de água, o radiador, a válvula termostática e outros, podem ser mais justos mecanicamente, pois vão trabalhar dentro de uma faixa de temperatura mais estreita. Os motores de refrigeração a ar demoram para esquentar, tem muito mais metal para aquecer, quando aquecem precisam do ar passando para trocar calor. Como o projetista não pode garantir que a moto vai estar sempre em movimento, o motor tem que ter sempre folgas calculadas para não “colar”. E também não se pode ir ao limite da potência, pois como sabemos, potência é igual a calor. Logo, os motores a água são mais justinhos e pode-se extrair mais potência deles, aumentando o radiador, a velocidade da bomba de água… Além disso, os motores são mais silenciosos, pois a camisa de água isola muitos ruídos. Contra eles tem o fato de serem mais complexos, tem mais peças. Os motores a ar são mais simples.

Além da mecânica, os motores novos da Ducati todos tem uma eletrônica bem bacana, com os ride mode’s, controles de tração e ABS integrados. Aprendi a adorar isso.

Então estas novas Monsters estão chegando ao Brasil. Demorou um pouco mas o que importa que é chegaram. Primeiro a 1200 e depois a 821. A 1200 a princípio nunca será Made in Brazil, apenas a 821 será fabricada aqui.

Depois de apresentar as novas Monster’s para a imprensa no Hotel Fasano Boa Vista, a Ducati convidou os Desmo Owners Club para um passeio com as motos, saindo de São Paulo com almoço em Campos do Jordão e voltando no final da tarde.  Achei uma boa oportunidade para confraternizar com os outros DOC’s e para finalmente conhecer a motoca. Convoquei o Fernando Ceriani, Secretário do ForzaRio DOC para ir comigo. Muitos membros do ForzaRio DOC já conheciam, pois muitos viajaram para o exterior desde o seu lançamento e eu estava já me sentindo por baixo neste quesito. Um Presidente ultrapassado e desconhecedor da linha, hahahah.

Além das Monster 1200 normais e S, sendo uma S branca, tinham também as novas Diavel, que falarei em outro post, para render.

Monster S Branca
Monster S Branca

Andei em todas. As motos parecem que vieram dos EUA, pois estavam todas com os canister’s americanos, uma trosoba que a lei da Califórnia exige. O visual é já o tradicional e lindo, com a qualidade de construção da Ducati. A qualidade Ducati aparece nos componentes, no desenho e função. Claramente se percebe que são peças boas. O novo quadro treliçado transmite muita solidez e a moto é pequena.  A moto tem um desenho lindo, cheio de pequenas curvas. Estavam todas sem qualquer tipo de carenagem, os bikini fairings. Apenas farol e painel. Isso diminui ainda mais a motoca, que é realmente jeitosa e pequena. Não é alta e, salve, mesmo com o radiador ali para atrapalhar, tem mais curso de guidão do que a 796, embora não seja uma CG.

Monster Vermelha
Monster Vermelha

Escolhi logo a branca 1200 S, uma meio burrice pois com o troca troca de motos eu dificilmente chegaria na subida da serra com ela. As S tem suspensões Ohlins, as pinças de freio da Panigale e 10 cv a mais no motor. Além disso tem as capas da descarga pretas, com as normais tendo a capa prateada. Subir na moto é fácil, e tudo é já familiar para o ducatista. O painel é quase totalmente digital (não é totalmente porque luzes espias são de led) e tem a característica de serem completamente diferentes nos ride mode’s Urban, Touring e Sport. Uma coisa bacana e inteligente. O Acelerador é eletrônico, um joystick, sem cabos. Depois de 50 anos usando aceleradores normais eu estranhei 2 coisas nele. Primeiro a sede, ali onde antes ficava a “roda” com o acionador do cabo, é bem pequena, do diâmetro do punho, onde sempre era maior, achei estranho. Depois ele tem uma folga no início do curso que me irritou na cidade. O Sebá também reparou nisso, mas o Fernando não. Vai ver que é uma frescura minha (e do Sebá) que gostamos de aceleradores bem justinhos Domino, coisa fina.
Para ligar, virar a chave, elas não são Keyless. O ronco é bem bacana, grossinho, malvado. Rodou 10 metros, moto em Urban, e o piloto já está completamente confiante e adaptado.

Pegamos a Marginal em formação e assim que pegamos a Ayrton Senna, repleta de pardais, passei para o Touring e o Marcelo da Ducati, que estava guiando o grupo com uma MTS, puxou o grupo de 9 motos com decisão, para não ter monotonia.

Nos retões da Carvalho Pinto as suspensões Ohlins não tinham o que mostrar, mas o motor sim. Gente, o motor é interminável sem uma carenagem. Simplesmente é impossível acelerar a moto até o fim de 4, 5 ou 6. A moto é um demônio e sua cabeça quer ser arrancada do pescoço. Para não voar da moto tem que segurar-se no guidão com uma força animal, tudo fica borrado e perigoso. Olhei para o velocímetro e vi que ela estava bem rápida, longe da faixa vermelha, enfim, não dá, desisti de “dar tudo”. Eu com certeza colocaria uma pequena carenagem para aliviar isso.

Monster Puig
Monster Puig

Andando normal é uma delícia, pois ela não é aflita como a 796, é silenciosa e tem força para dar e vender nas retomadas e subidas. Vibra pouco quase nada e encostar o joelho na descarga quentinha do cilindro dianteiro é bem gostosinho. Na estrada o acelerador levinho é super bom também e a posição de pilotagem, para andar em velocidades humanas de até 170 km/h é ótima.

No Frango Assado confirmou-se minha burrice e vieram babando para a minha S branquinha. Passei para uma normal vermelha e com ela subi a serra. A mesma folguinha no acelerador a mesma força, o mesmo freio bom a mesma suspensão boa. Prá falar a verdade, não senti onde estão os 10cv’s extras, não senti onde está a diferença no freio ou suspensão. A subida da serra foi em ritmo acelerado e forte, fui seguindo o Ducati man, que não é bobo e deitou bem a MTS dele. Um ritmo esportivo que não é fácil de atingir. A Monster deu um show de competência. Forte até dizer chega, ela sobe como desce, nunca falta marcha ou força, neutra de atitude de chassi, ela me pareceu gostar de ser pilotada um pouco mais para a roda traseira. Isso acaba facilitando pois as Ducati’s geralmente preferem carregar a roda dianteira e isso é sempre mais exigente. A Monster não me pareceu assim, ela não é teimosa, é firme e gosta de levantar no motor com você imaginando que ela vai andar de lado até a próxima curva. Lógico que não fiz isso, mas subi a serra toda pilotando e pensando nisso.

A Serra de Campos do Jordão não é muito grande, o asfalto é ótimo e as curvas bem fechadas, foi um excelente teste e a moto passou com louvor. Ela agarrou todas as minhas linhas sem o menor esforço, balançada ou exigir correções. O pneu dela, que não vi qual é, é excelente, com um bom grip no ombro e amante das transições, é rápido, gosta de deitar e se joga.

Cheguei inteirasso, descansado, o que confirma a qualidade da moto e sua ergonomia.

Fernando e Mário
Fernando e Mário

Provavelmente é a melhor Monster que já foi fabricada. Tem tudo o que uma Monster precisa e sempre teve, só que com um motor de MTS/Diavel. Aliás, o motor não é exatamente o mesmo, mas é bem parecido. É uma moto de 1200cc sem frescuras que vc pode usar na cidade e encarar estradas, desde que não queira “dar tudo”, porque você não aguenta. E ela não toma ralo de ninguém, pode parar uma Diavel do seu lado e te chamar para o pau e vc pode ir, ela não vai te levar. Nem uma MTS, esta é a curtição.

O preço sugerido para o modelo normal é de 63K e a S eu esqueci, mas é 70 e poucos, não muitos. É muito dinheiro, mas temos que nos lembrar que é o topo das Monsters, que ela é importada e que o dólar está nas alturas.

Tem gente que não gosta ou não consegue se dar bem com as grandes Multistradas e Diavels, e quer ter uma Ducati de 1200cc que não apanha de ninguém. É esta, a nova Monster 1200.

Obrigado Ducati pelo convite, aguardo muitos mais. Todo o grupo é muito legal e competente, o almoço foi divertido e a oportunidade bem aproveitada. Depois falo da Diavel 2015.

Abraços

Mário Barreto

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestas em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

3 comentários em “Nova Monster 1200”

  1. Review perfeito, como sempre, à altura do Motozoo. Imparcial e honesto, do tipo que faz a gent se sentir na moto e, pior, querer comprar uma. parabéns Marião, e obrigado por compartilhar!

  2. Dúvida. O retrovisor funciona legal? Pois o da 796 só serve para ver se tem alguma coisa atrás mas não da pra identificar o que por causa tremedeira. hehe

    Já ouvi boatos que o acelerador eletrônico dela tem um atraso na resposta, isso confere? (além da folga que você citou)
    Dúvida maior, é bem significativa a diferença de valor, eu quero mudar para uma 1200 em breve, você acha que o valor está condizente com a moto?

    E…
    Bela matéria, parabéns.

    1. Sim, funciona normal. O espelho da 796 realmente vibra demais e ainda é mal posicionado…. A 1200 é lisinha de vibração. O acelerador tem uma folguinha esquisita que pode ser chamada de delay, deve ser a mesma coisa. Acostuma-se com ela. Quanto ao preço é o que eu disse, é importada, é o topo e o dólar está alto. Ela é muito superior a 796, é outra moto. Quero ver é quando chegarem as 821 nacionais… Acho que estas 1200 são para quem não se preocupa com dinheiro, querem uma Monster que ande o máximo, para quem não quer se sentir diminuído do lado de uma Diavel ou MTS. Porque aqui no Brasil, quem tem 1200 se sente superior a quem tem 821, hahahaha

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