Bimota DB7

Com um pequeno atraso de uns 6 anos, hahaha, pude testar uma maravilhosa Bimota DB7. É apenas a terceira Bimota que consigo pilotar.  Tive a sorte de provar a super rara VDue e a DB6R Delirio, que já postei aqui ó: https://www.motozoo.com.br/index.php/bimota-db6r-delirio/

É porque não é fácil ter uma tetéia destas disponível, parece que apenas 5 foram vendidas no Brasil.

E o que é uma Bimota DB7? Basicamente é  uma Ducati 1098, se ela não precisasse se preocupar com o preço que teria no final. É o mesmo motor, o Desmoquattro Testastretta Evoluzione Millenovantotto (traduzindo, o desmodrômico de 4 válvulas, cabeçote estreito, de segunda geração, 1098 cc. Eu gostaria muito de falar italiano…), enfiado em um quadro misto de treliça/blocos de alumínio anticordal 100 (é o nome deste material aeronáutico) desenhado pelo engenheiro chefe da Bimota, Andrea Acquaviva. O design é assinado por Enrico Borghesan e devido aos faróis, lembra a 999 de Terblanche. As suspensões são Marzocchi na frente e Extreme Tech atrás. Seria páreo para a 1098S e suas Ohlins. Os freios são outro departamento, pois são Brembos monoblocos de 4 pistões cada, melhores do que o que as Ducati um dia montou em suas motos da época. São super fortes porque a Bimota escolheu usar discos menores e mais leves. A eletrônica é Walbro e não tem controle de tração ou ride modes. Nem ABS tem. É moto para controlar na mão.

Mas blá blá blá, isso é quase ficha técnica, como é a moto ao vivo, a cores e em movimento?

Olhando é um show. A qualidade de construção é excepcional e grita qualidades. As peças usinadas abundam, as suspensões são lindas, as treliças ovais… a moto é tão bem construída e exala uma sofisticação que ao parar ao lado de uma Panigale Superleggera, muito mais sofisticada e cara, não acusou o golpe. Ela parece ser a mais cara e exclusiva, acho eu. A Panigale parece mais moderna.

A moto é pequena, é mais leve do que a Ducati. Sobe-se sem maiores dificuldades e imediatamente sente-se que ela é um tico mais espaçosa e dentro do possível, confortável. A partida, sempre um problema nestes motorzões, assusta… parece que não vai virar e comigo só vira na terceira tentativa, sempre. Estabiliza, ronco grosso e baixo de um lindo escape Zaard de titânio. Cambio invertido, faz um clique… isso mesmo, cliquezinho, o cambio, o motor, a moto toda, é muito mais justinha e acertada do que qualquer 1098, 1198 e Panigale que eu já andei. A sensação é de refinamento, muito diferente da DB6R, que é uma cavala bruta. A DB7 é lisa, redonda, surpreendentemente suave. Esquenta, mas não queimou a perna, não incomodou na cidade. (porém a moto está com protetores feitos pela Target Race que melhoraram isso).

Subindo a serra até Itaipava fui de terceira e quarta o tempo todo, sem o motor nunca vacilar, trepidar ou qualquer buraquinho na carburação. Atestando a qualidade dos equipamentos e do peso, é outra bicicleta, ela segue as linhas planejadas sem qualquer teimosia, tocada telepática. Não vou mexer nas regulagens que o dono da moto ralou para conseguir, e como sou muito mais pesado, com certeza ela melhoraria com um acerto para o meu peso. Porém, como o motor é muito linear, dá para transferir peso com o acelerador e compensar com facilidade.

Ao chegar na BR-40 as velocidades sobem e a moto, é claro, fica ainda melhor. Sensação de leveza, precisão, freio sobrando e potência (160 hps) mais do que suficiente. A não ser que você more na Europa e seja super rico, não seria uma moto para você testar seus limites e dar um pau forte em autódromos. Não falta nada na moto, ela é uma legítima SBK, porém para arriscar umas escorregadas é melhor uma ZX10 né? Ou até uma Panigale, para ficar nos V2. Uma Bimota quando tomba é caro e mais difícil de conseguir as peças.

Não cheguei em casa mais cansado do que o normal, mas cheguei cansado. Não tenho preparo, estou acima do peso e estas motos são muito apoiadas nos pulsos. Junta com um calor dos infernos e um engarrafamento, e o resultado é este, quebrado.

Estou adorando a moto, ela é de fato o que se propõe, uma moto exclusiva, rara, uma Ducati melhorada, e olha que já se parte de um nível bem alto. É uma jóia para desfilar e manter. Uma moto que você pode ter para a vida toda se quiser, pois ela tem qualidade para isso.

Obrigado Pedro Feyer pela oportunidade e curtam as fotos que coloquei abaixo.

Mario Barreto

 

 

 

 

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestas em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

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