Rossi Qatar - foto Yamaha Racing

Acabou a saudade das corridas!

É meus amigos, estávamos todos com saudade das corridas de MotoGP!  O WSBK já tinha começado, e é um campeonato fabuloso, mas o MotoGP consegue ser ainda mais maneiro, pois é o top do top!

Este negócio de a Honda e o Marquez ficarem surrando todos só é divertido até a quinta ou sexta vitória seguida, depois fica chato para a audiência, que quer ver briga. E parece que vamos ter briga em 2015. A Yamaha melhorou bem, a Honda parece que melhorou menos um pouco e a Ducati melhorou mais ainda do que a Yamaha, de modo que teremos 6 motos em condições de disputar de verdade as corridas, e isso é muito, acreditem. Raramente um ano apresenta 6 motos boas na pista, sendo que 4 são para disputar o campeonato. Digo isso porque no Pedrosa eu não acredito mais, e o Ianonne terá que seguir ordens da equipe. Apenas Rossi e Lorenzo podem sair na pancadaria sem ordens de equipe. Então são 4 em igualdade de disposição, Marquez x Lorenzo x Rossi x Dovi. E isso continua sendo muito. Por isso na abertura da corrida de hoje a Dorna mandou escrever que é o campeonato com o maior handcap de todos os tempos. É mesmo. O pau vai comer!

A Honda tem uma moto muito forte, campeã do mundo, com a sua caixa de marchas secreta “zero shift” que é a melhor de todas. Tem ainda o tal do torsiômetro nos eixos do motor e uma eletrônica de matar. Mas é cavalo bravo, difícil de andar (quem está dizendo isso é Carl Crutchlow). O modelo 2015 é uma pequena evolução sobre o modelo do ano passado, V4 a 90 graus, como a Ducati. É potente, é rápida, roda bem com os 20 litros e se deu bem com os pneus do ano passado. Seu único senão é ser bruta demais.

A Yamaha M1 já era uma moto boa, mas dizem que na estrangulada para 20 litros ela perdeu a regulagem e a fluidez que precisa para explorar o seu ponto forte, a velocidade em curvas. Na reta ela não é a melhor e não adiantava nada ser a mais rápida em curva se quando você chega nela (na curva) tem uma Honda mais lenta na sua frente. Passar por cima só a nova Ducati, que tem asas, hahaha. Além disso a caixa de marchas rápida da Yamaha era muito inferior a da Honda, não permitia reduzidas rápidas sem embreagem, o que agora parece que foi resolvido. O que se quer é passar marchas tão rápido que não rebolem a moto. Ao longo do ano conseguiram reduzir o consumo para os 20 litros com uma regulagem boa. A soma disto e mais pequenos detalhes fizeram da M1 2015 uma moto que vai andar mais perto da Honda.

A nova Ducati GP15 parece ser uma moto com potencial para ser superior as duas de cima, pois já nasceu andando rápido, imagine quando ela chegar na adolescência… E isso é normal, a M1 e a RCV de hoje são evoluções de um projeto mais antigo, a Desmosedici GP15 começou a ser desenhada uns 4 anos depois que a Honda e Yamaha foram desenhadas e isso faz diferença. É uma moto mais nova na concepção, deve ter coisas mais modernas. Pouco se sabe sobre a caixa de marchas dela, mas Gigi diz que é boa o suficiente. É moderna, é pequena, é potente.

A Suzuki reaparece com outra RG mas desta vez escolheu um quadro em linha como a Yamaha. A moto é bonita e os pilotos elogiam seu chassi.  Mas tenho certeza de que só falam isso porque o motor é fraco. Todo veículo com motor fraco parece que tem chassi sobrando, é lógico, o motor não estressa o conjunto como deveria. Achei decepcionante o desempenho da moto pois o Espargaró é um monstro e se mesmo ele não consegue melhor do que um décimo primeiro, é porque a moto é ruim.

E vamos falar da corrida de estréia do MotoGP? Foi sensacional a corrida. Após treinos já meio surpreendentes com um monte de Ducati’s lá na frente e com as Yamaha’s mais para trás, a largada viu o Marc Marquez ficar lá prá trás e as Yamaha’s se embolarem com as Ducati’s na frente. As Ducati’s tem um programa de largada muito bom, sempre largam bem e todas largaram bem.  Mas depois e aos poucos, conforme o pneu perde performance , as GP14.1 e 14.2 vão perdendo posições, sempre foi assim, mas é digno de nota que tanto o Yonny Hernandez como o Danilo Petrucci são dois pilotos incríveis e seguraram elas por um tempão em boas posições. Não tem bobo no grid. Marc Marquez, em uma maldade das boas, puxou as duas Ducati’s na Superpole, para deixar elas na frente das Yamaha’s na largada. Quase deu certo. Enquanto isso as atenções estavam na recuperação do Marc Marquez e na observação da degradação da GP15.

As Yamahas treinaram mal, mas os seus tempos de corrida eram bons, mesmo largando mais de trás, estavam Lorenzo e Rossi confiantes em boas corridas. E assim foi. Com as Ducati’s se provando demônios de reta e equilibradas nas curvas, as Yamaha’s não conseguiam se livrar delas. Primeiro Dovi batalhou com Lorenzo até ele ir um pouco para trás. Depois Lorenzo disse que o forro do seu capacete soltou, atrapalhando a visão, que problema esquisito. Aí o Valentino Rossi deu o bote e Dovi teve que batalhar com ele. Uma batalha forte e limpa. Como a Ducati atropelava a Yamaha de reta, existia o perigo real de Rossi entrar na reta na frente e Dovi simplesmente passar antes da linha na última volta. Torci muito por isso, mas Rossi foi imperial em sua última volta, não errou absolutamente um milímetro e levou a prova. Sensacional!

E reparem que a melhor volta de Dovi e GP15 foi exatamente a última, o que prova que a última volta do Rossi foi um desempenho fora de série, de quem merece ganhar a prova, e que a nova Desmosedici finalmente consegue andar com pneus gastos.

Não falamos de Hondas’s porque elas foram coadjuvantes neste dia. Pedrosa nunca montou batalha e andou sozinho. Depois reclamou de arm pump e já diz que vai parar até resolver isso. Marc Marquez veio que nem um louco passando todos que andam atrás, deu um empurrão criminoso em uma Aprilia logo assim que voltou para a pista, mas como as motos estão andando mais igual, teve que moer a moto e quase cair várias vezes e mesmo assim não conseguiu chegar na ponta. Tivesse ele não feito bobagem no início, certamente teríamos ele no meio da briga, mas não acredito que ele iria sumir na ponta, do jeito que estão as coisas, o campeão vai ter que suar um pouco.

Ducati Qatar - Foto Ducati
Ducati Qatar – Foto Ducati

A única moleza que a Ducati teve nesta corrida foi a de poder usar os pneus macios para pegar a pole. Mesmo assim nem foi muita, porque como a moto é nova, não existem dados suficientes para aproveitar o pneu mole como se deve e as motos rodaram quase que completamente com os pneus de corrida para fazer telemetria para a corrida. A Ducati pode usar mais motores do que a Honda e Yamaha, mas na corrida, só usou um né? De modo que esta moleza ainda não conta. A Ducati pode usar até 24 litros de combustível. Mas isso representa mais 4 quilos de peso móvel na moto. Em teoria ela poderia ser mais beberrona e manter desempenho por mais tempo na prova, enquanto Honda e Yamaha teriam que economizar para chegar no fim. Na prática a Ducati nunca teve problemas de consumo, o tanque da GP15 parece que só tem 22 litros mas que ela corre com os mesmos 20 litros das outras porque não precisa carregar este peso extra. A Ducati andou bem porque é nova, é zero bala e o Gigi é bom. Continua marcando pontos assim vai perder o pneu mole já já, está no regulamento.

Pontos positivos da corrida, além dos citados acima, a performance geral das motos, mais juntas, o desempenho das Ducati’s velhas. Pontos negativos a Suzuki e as Aprilias, andaram muito pouco. Melandri então, pode ir para casa, lento e sem vontade.

Rossi deu show, as Yamahas e Ducati’s brilharam e o campeonato ganhou um novo gás. Já estão fofocando que Stoner vai pegar a moto do Pedrosa enquanto ele decide o que fazer… imagine…

Abraços

Mário Barreto

 

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestas em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

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