E praticamente empataram

Essa foi a posição do Massimo Meregalli ao falar pelo Quartararo, que não quis saber de entrevistas depois da corrida. Agora será um tiro curto: Phillip Island, Sepang e Valencia. É fundamental que o francês use a fluidez do circuito australiano para engordar sua pequena margem de 2 pontos, pois as grandes retas de Sepang prometem ser um problema para a fábrica de Iwata.

A corrida foi boa, embora muito conturbada no início. A chuva atrasou muito a largada e ficava aquela tensão: larga chovendo pouco ou espera um pouco mais com a luminosidade indo embora? A primeira curva foi determinante para o fracasso do campeão do Mundo. Empurrado pelo Miller, perdeu muitas posições na reta curva que antecede a curva 3. Vários pilotos disseram que a visibilidade era péssima, e, sem terem treinado na chuva, descobrir os pontos de freada foi um desafio só resolvido lá pela quinta volta. Outro aperto na curva 4 e Quartararo passou a primeira volta em 17o. Andou embolado com o Crutchlow que o ultrapassou, começou a sentir o mesmo problema, e devolveu a posição para ver se o Fábio recuperava alguns pontos. O Mário pediu que eu descobrisse o que houve: pressão do pneu dianteiro nas alturas. A moto não fazia curva.

Bezzecchi largou bem, mas o Martin espalhou na curva 1 levando o italiano. O rookie foi punido e teve que devolver uma posição. Bagnaia vinha em 2o, mas foi logo ultrapassado pelo Miller, que melhorou muito desde que passou a correr sem pressão, depois que assinou com a KTM. Desta forma, Bezzecchi entregou a liderança para o australiano, que abriu distância. Já o rookie foi despencando até chegar em 16o, porque os pneus não resistiram quando a pista começou a secar. Marini caiu pela primeira vez no ano e a VR46 saiu zerada da Tailândia.

O que parecia ser uma fácil dobradinha da Ducati LeNovo se transformou em um show do Miguel Oliveira, que veio passando todo mundo, tomou um X do Miller, mas teve paciência para esperar o momento certo para passar e abrir um tiquinho.

Um pouco mais adiante, a Ducati mostrava placas pro Miller com um gigantesco BAGNAIA, como que sugerindo uma troca que daria mais 4 pontos para o italiano.

De certa forma o 2o do noivo do próximo fim de semana foi salvo pelo Marc Márquez, que foi bastante cauteloso nas primeiras voltas mas estava grudado no 63, querendo o pódio. Chegou a passar na curva 12, mas levou o X. Em 5o, rodando um segundo mais rápido do que todos os outros pilotos, estava chegando o Zarco. Chegou, deu uma espremida no MM, e tinha ritmo para passar o vice-líder, mas fez o joguinho de equipe protegendo-o da Honda, porque o Márquez ia arrancar esse pódio. Ao final da corrida o trio vermelho foi ao boxe da Pramac agradecer a deferência. Não gosto disso.

O Miguel sempre foi um fenômeno, desde garoto. Deu duas vitórias para a Tech3, uma delas, a de Portimão, antológica. Ano passado ganhou em Barcelona e fez um segundo na Alemanha e estava muito bem até que uma queda em Spielberg causou uma lesão no pulso que prejudicou o resto da temporada. A KTM elegeu o Binder, que também é um ótimo piloto, mas deu uma esnobada em quem tinha dado 4 vitórias para a marca. E agora deu mais uma: 5 vitórias na categoria máxima o deixa empatado com Franco Uncini e Marco Melandri, e se a RNF receber as mesmas Aprilias dadas ao Aleix e ao Viñales… acho que ele vai jantar os dois.

Falando no Aleix, não escondo que o acho o maior chorão do grid: está sempre reclamando dos outros e nunca admite um erro. Ficou “xatiado” por ter sido punido ao dar um chega pra lá no Binder. Nunca teve ritmo e chegou em 11o, quando Viñales fez um razoável 7o. A Aprilia promete ser competitiva na Austrália, já que é uma moto que prefere circuitos fluidos. Vamos ver se se recuperam.

Bastianini, em 6o, foi o vencedor do “segundo pelotão”, que estava 10 segundos atrás do Formiga. Houve várias disputas nesse bloco que tinha também o Alex Márquez, que chegou a andar em 5o mas sofreu quando a pista secou, e o Martin, 9o. Eu não entendi porque puniram o Bezzecchi e não puniram o Martin, pois ambos fizeram a mesma coisa na primeira curva da corrida. De qualquer maneira, o Martinator ficou devendo.

Depois vieram Binder, Aleix, Rins, Morbidelli (punido com 3s por exceder o limite da pista) e Pol, que me parece bem acomodado e contando os minutos para se livrar da Honda e do Puig. Raul Fernandez, que passou muito mal de sexta para sábado, foi premiado com o último ponto.

Petrucci fez uma aparição pela Suzuki, teve a chuva para lhe ajudar, mas chegou a longínquos 42s (23s atrás do Rins). Segundo o próprio, faltou preparo físico: a diferença da Panigale V4R com a qual foi vice-campeão no MotoAmérica Superbike para um protótipo é brutal.

A prova de Moto2 tinha tudo para ser épica: pela primeira vez na história um tailandês foi pole position em um GP, logo em casa. Parecia que o Somkiat Chantra ia repetir o que fez o seu companheiro de equipe no Japão e vencer em casa. Liderava a prova com boa vantagem quando levou um tombaço na 7a volta. Uma pena…

A corrida acabou interrompida pela chuva e não conseguiu ser reiniciada. Tony Arbolino conseguiu sua segunda vitória na categoria com uma ultrapassagem na última curva antes da interrupção. Salac e Canet completaram o pódio. Os líderes do campeonato chegaram em sexto (Ogura) e sétimo (Fernandez). Como menos de 2/3 da prova foram completados, apenas metade dos pontos foram computados e a diferença entre os dois é de 1,5 pontos a favor do espanhol.

Na Moto3, em pista seca, Dennis “The Rocket” Foggia ganhou a quarta do ano, assumiu a vice-liderança do campeonato e manteve suas chances matemáticas, já que o Izan Guevara chegou em 5o, um tiquinho na frente do nosso Diogo Moreira, que está se posicionando melhor mas disputas. O espanhol tem 49 pontos de vantagem sobre o italiano e pode ser campeão na Austrália, mas como dizia o Chacrinha: “só acaba quando termina”. Sasaki e Rossi completaram o pódio e o Sérgio Garcia foi derrubado e deu adeus ao campeonato.

Agora teremos o casamento do Miller e uma pequena folga, mas Phillip Island será a oportunidade para o Quartararo defender o seu título e mostrar porque é o atual campeão.

Até lá!

Para a Fauna do Motociclismo.