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Entrevista Levy Lopes – Nosso Globetrotter

Continuando com o nosso projeto de entrevistas, desta vez vamos descobrir como o  Levy, nosso amigo e motociclista carioca conseguiu tanta disposição para viajar, pilotar e andar de moto, com tanta história para contar.

 

Como tudo começou Levy?

Eu morava em Marilia,interior de SP quando tive minha primeira moto, aos 15 anos, uma Leonette, ciclomotor da Jawa. Eu nem podia pilotar pois so era permitido com 16 anos e com autorização do pai, por isso fugia todo dia do Guido Modeli, delegado local que me perseguia com seu fusquinha.
Depois comprei, de segunda mão, uma Mondial 50cc motor dois tempos, já uma moto moderna, com pinta de esportiva e com ela participei da minha primeira corrida, num circuito de rua, em Pederneiras uma cidade vizinha.
Então a paixão por corridas já vem de longe…
Pois é, só tinha Lambrettas ,LD 150 e LI 175cc, todas peladas,sem carenagem e tinha uma Hondinha 75cc. Eu não tinha a menor idéia, a inscrição foi feita pelo Beto, o mecânico, pois eu não tinha idade para correr. Já estava no grid pra largar quando o Beto veio correndo com um capacete e uma jaqueta de couro, eu resisti em pôr mas me falaram que era obrigatório… eu ia largar de jeans,camiseta e tênis. Largamos, viramos a primeira esquina e um descidão de duas quadras e na esquina a esquerda a Hondinha abriu e eu passei por dentro! Só ouvi a turma mariliense gritar, aí Levy! Mais duas voltas passei umas 6 Lambrettas e aí o pessoal de Marília fez sinal pra eu passar por baixo das cordas que fechavam o circuito e fugir pois o delegado local descobriu a tramóia na inscrição e que eu não tinha idade.
No dia seguinte saiu meu nome no jornal de Marília, contando a façanha do garoto que tinha corrido em Pederneiras e dando coro nas Lambrettonas teve que abandonar por motivos policiais… claro que meu pai viu e encerrou ali minha carreira de piloto.
Hahaha! Muito boa história, mas não acabou aí a carreira de piloto não é? Como sua história com as motos continuou?
Bem, o tempo passou, algumas reformas na Mondial mas aos 17 anos meu pai teve sérios problemas financeiros e o que me restou foi a Mondial, que com lágrimas nos olhos vendi para para bancar 3 meses de pensão em São Paulo, Capital, onde me aventurei a ir trabalhar, estudar e tentar ganhar a vida.
Foram anos de penúria, solidão e dureza mas consegui dar a volta por cima e transferido para o Rio por questão de trabalho, voltei a ter contato com a moto de novo.
Aluguei uma CB360 de um colega de trabalho e logo comprei uma CB 400 Four vermelha, depois uma CB 750 Indy montada no Brasil e logo que abriu a importação uma Kawa Ninja ZX-10. Com ela comecei a viajar com uma galera, Beto Javali, Germano, Mario Preto, Feijão e outros, era o Trem da Morte.
Foi aí que comecei frequentar o encontro das quartas feiras em Copacabana e conheci duas pessoas que foram decisivas no meu mundo de motociclista. O Bebeto, que falou dos trackdays em Jacarepaguá e o Mario Miúdo que me contava das suas viagens de moto pela América do Sul.
Não conheço todos, mas com certeza o Juiz Moro decretaria formação de quadrilha. Animou-se então a voltar as pistas…
Eu tinha então uma Suzuki 750 GSX-F e fui fazer meu primeiro track day. Depois de algumas voltas vi que conseguia andar com as R mas vi também que tinha a moto errada e comprei uma CBR-600F. Estávamos em 1999 e eu já tinha 48 anos.  Soube então das corridas e resolvi me aventurar em Interlagos, meti a moto já com carenagem de pista dentro de uma Caravan da Chrysler, sem bancos e mesmo assim tendo que tirar a bolha pois não entrava no carro. Chegando em Interlagos eu não sabia nem pra onde virava e na largada, dentro do grid, fiz a famosa pergunta, “o que to fazendo aqui?”
Mas peguei gosto pela coisa e comecei a participar de trackdays e uma ou outra corrida, só no Rio e Interlagos. Da 600F, voltei pra CB500, depois para CBR 600RR 2003 e R1 2007. Só fui trocar pela BMW S1000RR em 2012, quando comecei a participar do Campeonato do Moto1000GP correndo em outros autódromos e ganhando mais experiência.
Depois de apanhar e cair muito com a S1000 em 2013 troquei pela ZX-10R e em 2014 corri o Superbike Series, categoria Light Master, ganhei 3 corridas das 4 em Interlagos e só não ganhei o Campeonato pois tive que faltar a etapa de Santa Cruz do Sul! Naquele fim de semana nasceu minha neta, eu ja era vovô então, com 63 anos, brigando com pilotos quase 20 anos mais jovens. Em 2015 fiz apenas 2 etapas e resolvi parar porque cheguei a conclusão de que ou eu ia para uma equipe de ponta, tendo que gastar uma fortuna para evoluir ou me dava por feliz de ter realizado um sonho de garoto. Mesmo tendo sido na terceira idade, ainda com vigor e disposição de adolescente.
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Ganhando corridas!
Sei que ao mesmo tempo aconteceram as viagens. 
Sim, eu sonhava com as aventuras que o Mario Miúdo me contava, de suas aventuras pelas estradas e me lembro de um almoço no Gula Gula com o Cecelo, um amigo que dizia ter vontade de fazer uma viagem de moto pelo Chile e Argentina e eu disse:”pode ser semana que vem?”. Ele tinha uma Honda Shadow Classic 1.100 e eu aquela GSXF-750, portanto não combinava. Comprei então de um amigo uma Shadow 1.100 igual do Cecelo, só que preta, a dele era amarela, e fomos com as namoradas na garupa até Santiago, Puerto Montt e voltamos por Bariloche e Buenos Aires, rodando uns 11.000kms em uns 20 dias.
Cacetis! Iron Butt. E com garupas!
Aí não parei mais, foram várias viagens. Em 2004 fui até Ushuaia em uma Triumph Tiger 1050, na volta subindo  pela Carretera Austral e voltando por Santiago. Em 2007 fui a San Pedro de Atacama e em janeiro de 2010 fui a Salta no norte da Argentina.
E a volta ao mundo?
Em junho de 2010 com uma BMW GS 1200 Adventure fiz a grande aventura da minha vida que foi dar a Volta ao Mundo de Moto. Eu e um companheiro com outra GS despachamos as motos para Portugal de avião e dali subimos a Europa toda até a Escandinávia entrando na Rússia por São Petersburgo depois Moscou e cruzamos a Transiberiana até Vladivostok. Depois de ferryboat para a Coréia do Sul embarcamos as motos de avião para Los Angeles e descemos rodando pelo México, América Central e Colômbia, Equador, Peru, Chile e Argentina. Foram 71 dias percorrendo 24 países, 3 continentes num total de 33.000 kms.
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Moscou
Quem tiver curiosidade pode ver como foi no blog www.levylopes.blogspot.com.
A partir de 2011, sempre com a garupa da Teresa minha mulher, fiz a Route 66 nos USA, em 2012 já de Honda Goldwing fui a Machu Pichu no Peru, via Rio Branco no Acre, subindo a Rodovia Transoceânica, que liga o Acre ao Pacífico, voltando pelo Chile e Argentina. Em 2013 no Carnaval um pulo a Gramado, fazendo a Rota dos Vinhos e no final do ano um roteiro pelo sul da Itália até a Sicília. Em 2014 uma outra viagem a Ushuaia com a valente Honda Goldwing, que encarou muito vento, rípio e lama mas que levou a mim e Teresa com toda segurança.
Em 2015 troquei a GW por uma BMW K1600 GTL, fizemos algumas viagens por Minas e outro passeio de novo pelos Alpes Suíços e Italianos.
Esse ano de 2016 temos um projeto ousado que esta em estudo e se der certo contamos na próxima.
Valeu Levy, obrigado por sua entrevista ao Motozoo®. Suas aventuras, viagens, suas corridas e competência como piloto e motociclista são um exemplo para todos nós, que amamos o motociclismo. Temos muito ainda para rodar!!! Cliquem no link do blog do Levy (acima no texto) e vejam mais fotos e fatos da viagem de volta ao mundo.
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Interlagos
Abraços
Mário Barreto

Publicitário, Designer, Historiador, Jornalista e Pioneiro na Computação Gráfica. Começou em publicidade na Artplan Publicidade, no estúdio, com apenas 15 anos. Aos 18 foi para a Propeg, já como Chefe de Estúdio e depois, ainda no estúdio, para a Agência da Casa, atual CGCOM, House da TV Globo. Aos 20 anos passou a Direção de Arte do Merchandising da TV Globo onde ficou por 3 anos. Mudando de atuação mais uma vez, do Merchandising passou a Computação Gráfica, como Animador da Globo Computação Gráfica, depois Globograph. Fundou então a Intervalo Produções, que cresceu até tornar-se uma das maiores produtoras de Computação Gráfica do país. Foi criador, sócio e Diretor de Tecnologia da D+,depois D+W, agência de publicidade que marcou uma época no mercado carioca e também sócio de um dos primeiros provedores de internet da cidade, a Easynet. Durante sua carreira recebeu vários prêmios nacionais, regionais e também foi finalista no prestigiado London Festival. Todos com filmes de animação e efeitos especiais. Como convidado, proferiu palestas em diversas universidades cariocas e também no 21º Festival da ABP, em 1999. Em 2000 fundou a Imagina Produções (www.imagina.com.br), onde é Diretor de Animações, Filmes e Efeitos até hoje. Foi Campeão Carioca de Judô aos 15 anos, Piloto de Motocross e Superbike, mantém até hoje a paixão pelo motociclismo, seja ele off-road, motovelocidade e "até" Harley-Davidson, onde é membro fundador do Museu HD em Milwaukee. É Presidente do ForzaRio Desmo Owners Club (www.forzario.com.br) e criou o site Motozoo®, www.motozoo.com.br, onde escreve sobre motociclismo. Como historiador, escreve em https://olhandoacidade.imagina.com.br. Maiores informações em: https://bio.site/mariobarreto

Um comentário em “Entrevista Levy Lopes – Nosso Globetrotter”

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